D+ Titulo Cinema
Em busca de nova vida
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
14/02/2010 | 07:04
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No passado, os homens eram tidos como senhores absolutos do lar, mandavam e desmandavam e o restante da família tinha de obedecer sem abrir a boca. Eram livres para fazer o que quisessem. Às esposas cabia as obrigações de gerar filhos, criá-los, cuidar da casa e servir o marido. De que adiantava estudar se ainda na adolescência eram obrigadas a casar, em geral, com os escolhidos pela família?

As mulheres não estavam felizes com a situação e começaram a questionar as regras da sociedade machista. Queriam ser donas do próprio destino. A luta por direitos iguais entre os sexos começou no século 18, mas ganhou destaque entre os anos de 1910 e 1920, quando norte-americanas e inglesas ralaram muito para poder ir às urnas e, como os homens, eleger representantes políticos. É o chamado movimento sufragista. Esse foi só o início da batalha.

Apenas na década de 1960, o clamor por igualdade e liberdade sexual ganhou proporções mundiais. Um dos protestos mais importantes é o de 1968, quando centenas de mulheres se reuniram na frente de onde se realizava o concurso de Miss América, em Atlantic City. Questionavam seu papel na sociedade. Por isso, decidiram destruir ali produtos femininos, como sapatos de salto alto. O episódio é conhecido como Bra-burning (queima de sutiã), mas nada foi queimado de fato, pois não tinham autorização.

É no início desse momento histórico, no qual mulheres queriam conquistar espaço, que se passa a trama de Educação, que estreia sexta nas telonas. O filme é baseado na autobiografia da jornalista inglesa Lynn Barber, que realmente passou pelos mesmos apuros da protagonista Jenny.

Transformação de menina a mulher
Em Educação, Jenny (interpretada por Carey Mulligan, que arrasa no papel) é uma adolescente inglesa de 16 anos, do tipo que deseja conquistar o mundo. Filha de pai autoritário e mãe submissa, sonha em viver na França, onde tudo parece ser mais legal. Apesar de ótima aluna, sofre grande pressão em casa para entrar na Universidade de Oxford, na qual deseja cursar Língua e Literatura Inglesa.

A vida dela se transforma para sempre quando, num dia chuvoso, conhece David (Peter Sarsgaard). Mais velho, ele parece ser a representação do glamour, boa cultura e inteligência, que Jenny tanto aprecia.

Ninguém sabe de onde vem ou mora, mas não importa. O rapaz tem bom-papo e conquista todos, incluindo os pais da garota, que começam a liberá-la para ir a concertos, jantares chiques e viagens com David.

A jovem apaixonada também se encanta com o estilo de vida de gente rica e vivida. Em pouco tempo, o cara pede a moça em casamento. A dúvida até bate em sua cabeça. Na cena em que conta sobre o pedido à família, ela questiona o pai: "Não é agora que você deveria dizer: ‘E Oxford?'". Mas os resquícios machistas, na sociedade em que a mulher começava a ganhar espaço, ainda eram fortes. Quem precisa se formar na faculdade quando se faz um bom casório?

Assim, Jenny se ilude, deixa o futuro acadêmico e entra numa ‘furada'. No entanto, a redenção sempre é possível para quem se arrepende.

O longa da diretora dinamarquesa Lone Scherfig tem oito indicações ao Bafta (importante prêmiação da TV e cinema europeu). Também concorre em três categorias do Oscar, incluindo melhor filme e melhor atriz para Carey Mulligan.

Opinião do leitor
Suelen de Sousa Lima, 14 anos, de Santo André, conferiu Educação na companhia do D+ e curtiu muito o filme. Ela acredita que, diferentemente da época em que a trama se passa, hoje as meninas têm mais liberdade para decidir o que desejam fazer com as próprias vidas, como que faculdade cursar. "O pai da Jenny fazia muita pressão. Não procurava saber o que ela realmente queria", diz.

Na opinião de Suelen, a situação da protagonista é mais difícil porque enfrenta os desafios da adolescência. "É uma fase de grandes mudanças, quando ainda se tem muita coisa para descobrir. Escolher o caminho não é simples. Geralmente é para a vida toda. O maior desafio de Jenny era voltar atrás antes que fosse tarde demais", diz. "Adolescente ainda não conhece o mundo. Não imagina que o pior pode acontecer com ele mesmo", completa.




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