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Era a vez de Pinheiro, diz Regina Maura
Por Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
04/12/2012 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Ciente das dificuldades que teve durante a eleição e dos méritos do adversário, Regina Maura Zetone (PTB) admite, de maneira lúcida e republicana, que "era a vez do Paulo Pinheiro" ser prefeito de São Caetano.

"Encontro as pessoas nas ruas, elas ainda me incentivam. Mas dizem que ainda sou jovem, que tenho uma carreira pela frente e que meu momento vai chegar. Hoje vejo que era a vez do Paulo Pinheiro. Antes da eleição não tínhamos essa sensação", reconhece Regina, segunda colocada no pleito ao Palácio da Cerâmica, com 33.594 votos, ou 34,81% dos válidos. O peemedebista obteve 61.136 adesões, ou 63,35%, e assume o Paço dia 1º. Fernando Turco (Psol) ficou na terceira posição, ao alcançar 1.778 sufrágios (1,84%).

Na análise da derrota, semelhanças com o adversário foram prejudiciais. "Ele fazia parte do nosso grupo (Pinheiro deixou o PTB em outubro de 2011 para ingressar no PMDB e ser candidato a prefeito). As pessoas viam que eram duas pessoas boas e isso confundia muito", avaliou a ex-prefeiturável governista.

As diferenças também penderam negativamente para a petebista. "Ele já era conhecido, popular, tinha participado de quatro eleições (para vereador) antes desta. Era a minha primeira", avalia Regina, que ao comparar o trabalho dos dois para a cidade, diz que fez "tanto quanto ou mais do que o Paulo". A petebista foi assessora, diretora e secretária de Saúde, além de atual coordenadora especial de programas sociais.

Ao falar de seus projetos, outra constatação: a comunicação com o eleitorado não foi adequada. A gestão José Auricchio Júnior (PTB), da qual Regina Maura é a braço-direito, tem no Profamília o maior programa de transferência de renda direta do Grande ABC. A iniciativa pulverizou o mito de que São Caetano, cidade mais rica da região, não tinha problemas sociais, por não ter favelas. Hoje são atendidas cerca de 15 mil famílias. Mas não foi suficiente para garantir transferência de votos à candidata governista. "Não considerou injustiça. Talvez não soubemos mostrar esse trabalho. Muita coisa aparece aos nossos olhos agora."

A petebista considera ainda que houve mérito do adversário ao, durante a campanha eleitoral, desconstruir o governo bem avaliado de Auricchio. "Em julho de 2011 a aprovação da gestão era de 90%. No processo eleitoral foi para 50% de rejeição. Foi o governo que mais fez obras, mais fez programas, mais fez ações na história da cidade. Recebemos muitos prêmios, talvez o maior deles na área de mortalidade infantil, ao atingirmos o índice de 6,9 mortes para cada 1.000 nascidos vivos", discorre Regina.

A ex-prefeiturável ainda minimizou a diferença do resultado das urnas. Pinheiro teve 27.542 votos a mais do que ela. "Mas se 15 mil que votaram nele tivessem votado em mim, teríamos vencido. A diferença não foi tão exorbitante. Tivemos um número de votos significativo. Temos um bom patrimônio político", frisou.

 

Com futuro político indefinido, voltará a clinicar e dar aulas

Regina Maura reassumiu a assessoria especial de Ação Social recentemente. Ela havia se desligado do setor para a disputa eleitoral. Após dois meses da derrota no pleito, seu futuro político segue indefinido.

Ainda não sabe se tentará em outras oportunidades passar pelo crivo das urnas. "Muita coisa vai acontecer. Vai depender do quadro político que se apresentará em cada eleição", discorreu.

O certo é que ela continuará como tesoureira do PTB municipal e diz que, assim como o prefeito José Auricchio Júnior, fiscalizará a gestão Paulo Pinheiro, que terá início no dia 1º de janeiro. "Essa é a nossa responsabilidade, por estarmos dentro do processo. As pessoas têm memória curta e temos de manter vivo esse processo político-partidário."

Se os projetos políticos estão turvos, os particulares já estão traçados. Voltará a administrar consultório e clínica médica, além de atender como ginecologista e obstetra. "Nunca parei de clinicar. Só interrompi temporariamente para disputar a eleição".

Também vai dar aulas na USCS (Universidade Municipal de São Caetano), na área de administração em enfermagem. "Sou concursada, mas estava fora da grade por um tempo", explicou Regina Maura.

A médica pretende ainda fazer estágio em mastologia (estudo da conformação, do funcionamento e das afecções da mama), para aprofundar conhecimento em câncer. "Vamos ver se consigo fazer mestrado nessa área."

Sobre seu trabalho na Prefeitura neste último mês, afirmou que deixará "tudo pronto, em pleno andamento". "Hospital da Mulher, Hospital São Caetano, UBSs (Unidades Básicas de Saúde)... tudo anda normalmente. Não há filas para cirurgias, os cartões do Profamília estão em dia", resume. Apesar do balanço, não há transição da equipe de Paulo Pinheiro com o setor de Regina Maura, o qual faz interlocução com diversas secretarias. "Ninguém me procurou, mas estou à disposição", concluiu.




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