Economia Titulo Preços
Bolso do consumidor sofre com inflação em 207 despesas
Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
29/12/2013 | 07:21
Compartilhar notícia


Neste ano, até o fim de novembro, os consumidores encararam uma briga com os aumentos de preços de 207 produtos e serviços na Grande São Paulo, que inclui as sete cidades. Isso significa que 79% da cesta de despesas médias das famílias encareceu. No mesmo período de 2012, a situação foi pouco mais amena. Ao todo, 203 itens ganharam incremento nos preços, ou seja, 78% do total das despesas médias dos domicílios.

 Não é à toa que a inflação deste ano está pesando mais no bolso do que no ano passado. Os consumidores já encaram 5,1% de corrosão no seu dinheiro até o fim de novembro, último dado disponível, de acordo com o IPCA-SP (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – Grande São Paulo). Por outro lado, no mesmo período em 2012 a inflação estava em 4,07%. As informações são do Sidra (Sistema de Recuperação Automática), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 Esses itens que ficaram mais caros pertencem a uma cesta de 259 produtos e serviços que o IBGE utiliza com referência para calcular quanto o poder de compra das famílias se deteriora ano a ano.

 Professor do Insper e vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, José Dutra Sobrinho lembra que não é o número de produtos e serviços com inflação que determina quanto pesará no bolso do consumidor. “É preciso considerar a variação de cada um para tirar uma média.”

 No entanto, destaca o especialista, quando os alimentos no grupo das 207 altas têm maior inflação, as famílias com menor renda são as que mais sofrem, já que boa parte da renda vai para o custeio desses itens. Domicílios com maior remuneração, por outro lado, sentem mais inflações específicas, como o aumento no preço do combustível.

 “Os alimentos são itens básicos”, afirma Dutra Sobrinho. E neste ano, pelo menos, a situação não é tão boa para as famílias menos abastadas. Dos 30 produtos com mais inflação acumulada entre janeiro e o fim de novembro, 21 são alimentos e bebidas. No ano passado, no mesmo período, a lista tinha 22 registros. Os três campeões nesta qualificação são a mandioquinha, com alta média nos preços de 94,47%, a farinha de trigo, com encarecimento de 34,67%, e a batata-inglesa, com elevação de 31,15% (saiba mais no quadro ao lado).

 Os alimentos pesam mais porque são os primeiros a serem adquiridos. São necessários à sobrevivência. E, como os consumidores de baixa renda têm poucas sobras após esse tipo de consumo, a inflação direta nos alimentos e bebidas afeta bastante a remuneração disponível. Portanto, resta menos dinheiro para outras despesas como passeios com a família, por exemplo.

 “Se você constatasse inflação acentuada no grupo de despesas de lazer, a renda das famílias mais endinheiradas poderia ter mais impacto. Elas teriam uma sensação de inflação muito mais acentuada. Isso porque os consumidores com menor remuneração, muitas vezes, não consomem lazer”, esclarece Dutra Sobrinho. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;