Cultura & Lazer Titulo Santo André
Dor moral

'O Libertino' discute confronto entre desejo e pensamento;
a montagem tem sessões hoje e amanhã, em Santo André

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
09/06/2012 | 07:01
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Para rir e pensar. Assim funciona a comédia 'O Libertino', que tem sessões hoje e amanhã no Teatro Municipal de Santo André. Cássio Scapin dá vida ao filósofo francês Denis Diderot (1713-1784) no texto do pensador e dramaturgo contemporâneo Éric-Emmanuel Schmitt. Jô Soares assina a direção.

A montagem aproveita passagem verdadeira na vida de Diderot, à época em que ele confeccionava o 'Dicionário Racional das Ciências, Artes e Ofícios'. No enredo, no momento em que precisa justificar o vocábulo ‘moral', o filósofo se vê num impasse promovido pela vida e por sua relação de adoração pelas mulheres.

"Ele não consegue definir seu conceito de moral porque a cada situação ele muda de ideia, tenta ser coerente e não consegue/CL/CP/IP", conta Scapin.

Cercado pela obrigação de concluir o trabalho e tentado pelos prazeres da carne - no casamento, com a amante e na paixão por uma jovem que tem a idade da sua filha -, Diderot faz do raciocínio a trajetória para obter respostas em um delicioso exercício onde o que vale é o pensamento.

Scapin, que comprou os direitos da obra assim que viu uma leitura dramática do texto na França, decidiu montar 'O Libertino' por achar um texto ideal para um ator da sua idade (45 anos).

"Sou fascinado por filosofia. Acho que esse exercício do pensamento em vários aspectos, tentar ver as coisas em outro ponto de vista, é uma delícia", diz o ator, que completa que essa fase da vida traz naturalmente o questionamento da distância entre o pensamento e a ação.

Jô Soares trabalhou na carpintaria do texto. "É um prazer trabalhar com ele, um homem inteligentíssimoIP0CPCL. Ele mexeu em algumas coisas do texto, mas não na questão dramatúrgica, e sim na linguagem. A obra tem uma verborragia típica do século 18 e o Jô deu uma limpada para ficar mais direto e de acordo com o pensamento da gente."

IMORAL E AMORAL

"Apesar de passarmos a peça na discussão da moral no âmbito da sexualidade, acho que o texto é um ponto de partida para a discussão sobre a crise moral e ética que vivemos no Brasil. Esse é o momento mais imoral e amoral que vivemos", acredita Scapin, que garante que o espetáculo é um bom meio de pensar sem sentir o peso da racionalidade. "A peça passa pela questão do pensamento e os meandros das mudanças de pensamentos, das cores que você descobre pensando."

O Libertino - Teatro. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário. Tel.: 4433-0789. Hoje, às 21h; e amanhã, às 19h. Ingr.: R$ 60.




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