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Imunologista que desvendou
coronavírus passa a atuar na USCS

Ester Sabino, que participou de sequenciamento do vírus em 2020, é nova pesquisadora da universidade em São Caetano

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
06/08/2021 | 00:01
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Divulgação


A imunologista Ester Sabino, que participou em 2020 do sequenciamento do coronavírus que foi realizado em tempo recorde no Brasil – apenas 48 horas, quando o padrão era de 15 dias –, é a nova pesquisadora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e defende que conhecer o vírus é crucial para que seja possível entender a pandemia da Covid. “A gente conseguiu mostrar que dava para fazer rapidamente enquanto a pandemia estava ocorrendo. E é o que permite identificar novas variantes, como a crise evolui, se estão surgindo mutações em determinadas regiões”, citou.

Embora tenha aumentado o número de sequenciamentos feitos no Brasil – segundo Ester, eram 2.000 no ano passado e já são 25 mil em 2021 – o volume ainda é bem inferior ao que se faz em outros países. Na Inglaterra, explicou a pesquisadora, cerca de 5% dos mais de 5,9 milhões de casos foram sequenciados, algo em torno de 300 mil. “Acho que no Brasil estamos chegando em um patamar razoável. Não é o ideal, mas já é bem melhor do que tínhamos no ano passado”, afirmou.

Ester explicou que o aumento de casos da variante delta, que foi identificada inicialmente na Índia, tem potencial para fazer com que a pandemia volte a acelerar no Brasil, que tem vivenciado média menor de casos e mortes em decorrência da Covid. A imunologista explicou que o maior risco é a baixa cobertura vacinal – até ontem, cerca de 50% da população brasileira havia tomado uma dose da vacina e 21% estavam com o esquema completo. “As experiências de Israel e dos Estados Unidos estão mostrando que é preciso percentual maior de pessoas imunizadas, entre 70% e 80%, para poder barrar os efeitos dessa variante (delta)”, pontuou.

A pesquisadora citou que nos Estados Unidos a baixa cobertura vacinal está relacionada com o fato de que tem sido frequente a recusa da vacina. No Brasil, algumas cidades decidiram colocar no fim da fila quem recusar o imunizante para escolher a marca, casos de São Bernardo e São Caetano. Ester avalia como muito triste esse descrédito da ciência, que não é situação que ocorre apenas na atualidade, mas que se potencializou com o alcance das redes sociais e a disseminação em massa de informações falsas. “Principalmente quando você tem um governo que apoia esse tipo de influência. É um problema que aumenta ainda mais a dificuldade em responder à pandemia.”

Ester foi contratada pela USCS para atuar com pesquisas e vai trazer para a região a experiência de 30 anos de quem fez parte de grandes momentos da ciência e da saúde no País, como quando foram montadas as redes de genotipagem para análise de carga viral do HIV, além do enfrentamento à pandemia de zikavírus.

A pesquisadora vai atuar na área de tecnologia para o SUS (Sistema Único de Saúde), pensando a saúde pública como um todo. Testes melhores e mais baratos, sistemas de informação para resposta a determinados problemas, como controle de frequência em pré-natal, detecção de infecções, entre outras iniciativas, terão sua atenção. “Tem um mundo para se fazer na atenção primária”, afirmou.

A imunologista destacou a importância dos gestores terem o entendimento de que investimentos na atenção primária podem ajudar a saúde pública. “Com atenção primária organizada fica mais fácil trabalhar emergências, detectar e organizar.”
 




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