Setecidades Titulo Pouca chuva
Nível dos reservatórios da região cai pela metade

Em 2 anos, Sistema Rio Claro foi de 101% a 46% da sua capacidade; próximos meses são de estiagem

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/08/2021 | 07:00
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Celso Luiz/ DGABC


O volume dos reservatórios de água que abastecem o Grande ABC recuou até 54,3 pontos percentuais em dois anos. Em 30 de julho de 2019, o Sistema Rio Claro, um dos responsáveis pelo fornecimento de água na região, estava com 101,8% da sua capacidade. Na sexta-feira, segundo dados do site da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o nível era de 46,5%. Em média, todos os mananciais que abastecem o Estado estão com 47,6% da capacidade. Há 48 meses, o nível era de 74,5%, queda de 36 pontos percentuais.

A diminuição no nível da água é notada nos últimos meses. No início de maio, os reservatórios tinham volumes até 30% maiores do que os que são registrados hoje. Com a previsão de pouca chuva para agosto e setembro, especialistas destacam que é preciso atenção para evitar desperdício, além de ações como contenção das perdas e controle da ocupação nas áreas de mananciais.

Consultor em gestão ambiental e saneamento, Carlos Henrique de Oliveira disse que o cenário e as tendências não são favoráveis aos sistemas de abastecimento de São Paulo, já que, além do período seco esperado, também há indicativo de chuvas abaixo da média em outubro e novembro. Com isso, haverá situação de manutenção de baixa dos volumes neste período, já que haverá pouca água entrando nos reservatórios.

Embora os sistemas sejam interligados, o que permite à Sabesp operar o tratamento e a distribuição de água conforme a necessidade, o consultor aponta que é nítido que alguns dos reservatórios correm risco de ser sobrecarregados em razão dos baixos volumes dos mananciais principais: Cantareira, Alto Tietê e Guarapiranga. “A expectativa é a de que a Região Metropolitana, se sofrer com desabastecimento, não será de grande impacto, mas a situação é crítica em várias regiões do Estado”, apontou.

Professor do Mackenzie e da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), o engenheiro Antonio Eduardo Giansante avaliou que a situação dos reservatórios não chega a ser crítica, mas também não é confortável e, por isso, todo o cuidado com o uso da água é importante. Ele apontou, ainda, que é esperada redução dos volumes, mas que os reservatórios mais próximos à Serra do Mar contam com o efeito orográfico das chuvas, isto é, o relevo montanhoso faz com que mais chuvas ocorram na região.

O docente entende que, por enquanto, as reservas de água são suficientes para dar conta da demanda, mas isso significa que é preciso manter o consumo de água econômico e eficiente, sem desperdícios. “As estiagens, cada vez mais frequentes, obrigatoriamente, vão nos levar a uso cada vez mais eficiente da água como recurso natural”, afirmou.

Como medidas para evitar piora do cenário, Oliveira destacou a necessidade de campanhas massivas de alerta, esclarecimento e orientação da população sobre o uso racional da água, além de investimentos para combater a perda de água potável. O especialista indica ainda o controle da ocupação das áreas produtoras de água (mananciais) – de responsabilidade dos municípios – e política de incentivo à conservação e proteção dessas áreas.

Sabesp garante que não há risco de faltar água

Apesar da queda de 54,6 pontos percentuais no Sistema Rio Claro, um dos mananciais de água que abastecem o Grande ABC, e de um recuo de 36 pontos percentuais no volume de todas as represas do Estado em período de dois anos, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) assegura que não há risco de faltar água, neste momento, na Região Metropolitana, incluindo o Grande ABC.

A companhia reforçou a necessidade do uso consciente da água e destacou que a região é abastecida pelo sistema integrado (Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço), que permite transferências de água entre áreas, dando mais segurança ao abastecimento.

De acordo com a Sabesp, isso é possível porque obras vêm sendo realizadas desde a crise hídrica de 2014, com destaque para a Interligação Jaguari-Atibainha e o novo Sistema São Lourenço, ambas em operação desde 2018. Ainda segundo a empresa, a interligação do Rio Itapanhaú, principal obra em andamento para reforçar a segurança hídrica na Região Metropolitana, inicia operação no fim de 2021 transferindo 400 litros por segundo desse rio para o Sistema Alto Tietê. Até julho de 2022, serão em média 2.000 litros por segundo.

A empresa apontou que em 30 de agosto o sistema integrado operava com 47,6% da capacidade, índice similar aos 47,2% de 2018, quando não apresentou problemas no abastecimento. A Sabesp destacou que a queda no nível das represas é normal nesta época do ano devido ao período de estiagem. A projeção da empresa aponta níveis satisfatórios para passar pela estiagem (até setembro), mas a companhia reforça a necessidade de uso consciente da água por todos, em qualquer época do ano. Atualmente, o sistema integrado abastece cerca de 21 milhões de pessoas.

Entre as recomendações da Sabesp para economia de água estão a substituição da mangueira para lavar áreas como quintal e calçadas pela vassoura e balde; evitar jogar papel ou outro objetos no vaso sanitário e acionar a válvula da descarga por curtos períodos e dedicar atenção a identificar possíveis vazamentos nas instalações hidráulicas dos imóveis. 
 




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