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PIB avança 2,7% no primeiro trimestre
Do Diário OnLine
Com Diário do Grande ABC
27/05/2004 | 21:38
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O PIB (Produto Interno Bruto) avançou 2,7% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2003, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação ao último trimestre do ano passado, houve expansão de 1,6%. Embora nos últimos 12 meses, o PIB tenha ficado estável, em 0,0%, os resultados da pesquisa denotam uma interrupção na seqüência de três períodos de variações negativas.

Segundo o levantamento, todos os setores apresentaram taxas positivas nessa base de comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Agropecuária teve expansão de 3,3%, o setor de Indústria cresceu 1,7% e o grupo de Serviços avançou 0,4%.

Ainda na comparação com o último trimestre de 2003, houve expansão de 5,6% nas exportações de bens e serviços e aumento de 4% nas importações de bens e serviços. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias apresentou variação de 0,3%, enquanto o consumo do governo teve taxa positiva em 0,8%.

"Como em outras pesquisas, as exportações e o setor de Agropecuária foram os que mais contribuíram para o crescimento do PIB. Mas ainda não conseguimos recuperar a atividade econômica da mesma maneira em setores ligados ao mercado interno brasileiro", afirma o gerente da pesquisa do IBGE, Roberto Olinto.

Para ele, o crescimento da produção no primeiro trimestre não pode ser visto como indicador de uma alta permanente. "São necessários mais dados apontando para essa direção. Para afirmarmos que existe uma tendência, esses resultados precisam se solidificar. Os números negativos do ano passado ainda pesam muito".

Insuficiente – O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, considera "insuficiente" o crescimento registrado no primeiro trimestre do ano.

"Isso é muito pouco, tendo em vista a capacidade da economia brasileira. Precisamos crescer pelo menos de 5,5% a 6% ao ano. Essa alta diz respeito apenas à retomada da atividade econômica, que estava em queda no ano passado", afirma.

Para Piva, a meta do governo federal de crescimento de 3,5% do PIB pode ser atingida, "mas ainda assim seria um crescimento pequeno". "Esse governo se deparou com problemas que até agora não conseguiu resolver, e ainda não alavancou devidamente o crescimento da economia brasileira", afirma.

O presidente da Fiesp também aponta a fragilidade de setores da economia ligados ao mercado interno brasileiro. "O que vemos claramente é que a agroindústria e os setores que exportam estão influenciando a alta do PIB, mas o nosso mercado interno ainda é muito fraco".

Otimismo – Os números dos IBGE podem ser vistos com otimismo, segundo Nívio Roque, diretor industrial da petroquímica Polietilenos União, com sede em Mauá. Para o executivo, a retomada da economia brasileira não pode ser abrupta, e deve seguir "passo a passo".

"Temos uma expectativa de melhora, e acho que o setor industrial de maneira geral vê uma situação animadora na economia. Não existe euforia, mas há uma perspectiva de melhora".

Roque também acredita que o crescimento da economia pode chegar a 3,5% neste ano, mas faz uma análise diferente de Piva: "é um crescimento possível, será um sinal de que estamos indo no caminho certo".

Sustentabilidade – Para o economista Siegfrid Bender, professor da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP, a alta do PIB é um "bom sinal", mas está longe de indicar um crescimento sustentável.

"O fato de termos números positivos é sempre uma coisa boa, mas a intensidade e a forma com que o crescimento está ocorrendo estão longe do que se pode chamar de sustentável", afirma.

Bender avalia o crescimento como uma "retomada" do período de queda na produção brasileira em 2003. "Mas mesmo sendo um retorno a níveis mais razoáveis, essa retomada é medíocre, poderia ser bem melhor. Se compararmos o resultado do Brasil com o de países vizinhos, como o Chile, a Venezuela e até a Argentina, que também está se recuperando, veremos que não estamos bem".




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