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Reajustes e abonos injetam R$ 113,5 milhões na região
Por Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
27/09/2009 | 07:06
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Os reajustes salariais e abonos obtidos pelos metalúrgicos da região renderam injeção de R$ 113,5 milhões na economia regional. Para os especialistas, o dinheiro deve movimentar a economia nos próximos seis meses.

Os 10 mil trabalhadores da GM (General Motors) de São Caetano receberam R$ 1.950 na sexta-feira. A montadora desembolsou R$ 19,5 milhões com o melhor acordo salarial conquistado no Grande ABC. Além do benefício, os trabalhadores receberão 8,3% de reajuste nos salários, mas a GM não estimou o montante que esta fatia vai representar.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Francisco Nunes Rodrigues, o abono salarial foi superior ao do ano passado. "Em 2008, eles receberam R$ 1.750. Isso mostra que a crise não enfraqueceu a empresa", afirma.

Segundo estimativa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nas demais montadoras - Scania, Mercedes-Benz, Ford e Volkswagen - e autopeças da região os colaboradores receberam R$ 94 milhões. O resultado leva em conta os 2% de aumento real, a reposição da inflação e mais o abono, aplicados aos salários dos metalúrgicos. O sindicato afirmou que esse valor vai aumentar, já que o segmento de autopeças continua mobilizado nas empresas por proposta semelhante à das montadoras.

Para o presidente da entidade, Sérgio Nobre, esse montante é fundamental para a economia da região. "Isso faz com que haja um ciclo necessário para o desenvolvimento da região. Aumenta-se o poder de consumo dos moradores, que passam a comprar mais. Com isso, a produção precisa ser aumentada e há necessidade de contratações. Esse dinheiro, ao contrário do que o lado patronal pensa, é um investimento para o crescimento da economia", define.

Os cerca de 13 mil trabalhadores da Volkswagen receberam R$ 1.500 de abono. Com isso, a montadora alemã desembolsou R$ 19,5 milhões. As demais fabricantes de veículos não divulgaram os valores.Os metalúrgicos da base de São Bernardo ainda têm R$ 1.300 a receber, em duas parcelas (outubro e janeiro).

O economista Marcelo Nobasi recomenda cautela. "A euforia é comum quando se recebe algo a mais no orçamento, mas é preciso ter cuidado ao gastar e lembrar que no início do ano as contas são pesadas", lembra. Para Nobasi, os mais cuidadosos vão guardar o dinheiro extra, portanto, o dinheiro deve permanecer na região pelos próximos meses.

Montadoras impulsionam PIB da região
Além dos abonos e reajustes salariais, os cerca de 42 mil metalúrgicos do Grande ABC que trabalham nas montadoras colaboram mensalmente com grande parte do PIB (Produto Interno Bruto) da região.

Segundo o economista Sandro Martins, as cidades que concentram as montadoras têm ganho superior ao dos demais municípios. "São Bernardo e São Caetano têm essa vantagem. Claro que esta não é a única forma de contribuir com o PIB, mas as multinacionais do setor automotivo congregam alta renda e empregam muitas pessoas, por isso são agentes facilitadores no crescimento de um município", explica.

Estimativa - Segundo estimativas calculadas pelo Diário, a contribuição de São Bernardo para o PIB regional em 2008 - a cidade concentra quatro montadoras - foi de 36,7%, com R$ 25 bilhões. São Caetano - sede da GM (General Motors) - respondeu por 16,7% do montante regional, e contabilizou R$ 11,4 bilhões. Santo André, cuja geração de riqueza foi estimada no ano passado em R$ 14,2 bilhões, contribuiu com 20,8% na região.

Os cálculos foram feitos com base em dados de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), última data com dados regionais oficiais disponíveis. Os índices de 2008 foram calculados proporcionalmente ao PIB de cada município comparado com o montante das riquezas geradas pelo País no ano passado. Para a população, foi usado o dado oficial do IBGE, ou seja, 2,577 milhões de pessoas.

Renda - O PIB do Brasil no ano passado foi de R$ 2,8 trilhões e o Grande ABC contribuiu com R$ 68,3 bilhões. "As sete cidades têm relevância nacional e as montadoras têm importante papel. Além disso, os moradores de São Caetano e São Bernardo registram as maiores rendas per capita (por pessoa) anual na região, com R$ 75 mil e R$ 31 mil, respectivamente", detalha Martins. Em Santo André, a renda de cada um dos moradores correspondeu a R$ 21 mil no ano.

De acordo com as estimativas, o menor PIB entre as sete cidades ficou com Rio Grande da Serra, com R$ 355 milhões no ano passado.

Também graças ao impulso das montadoras, a renda média per capita anual da região em 2008 foi de R$ 27 mil. Segundo o economista, os números deste ano podem apresentar ligeira queda.

Bom desempenho - "Apesar de o setor automotivo já apresentar sinais de recuperação pós-crise econômica, o fato é que alguns meses do ano tiveram mau desempenho e vão fazer parte do montante final. Mesmo assim, as cidades que abrigam as montadoras devem apresentar bom desempenho", avalia o economista Sandro Martins.




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