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Empresas de carga gastam até 13% do faturamento com segurança

Aumento dos roubos – de 83% entre janeiro de 2015 e 2016 – demanda seguro e até escolta

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/03/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Com o aumento do roubo de cargas de aproximadamente 83% na comparação entre janeiro deste ano com o mesmo mês de 2016 na região (passou de 18 para 33), conforme dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado, as empresas de transporte do ramo têm recorrido a série de medidas de segurança para garantir a entrega das cargas e a integridade dos motoristas durante o trajeto. O gasto extra pode chegar a até 13% do faturamento, conforme levantamento da Federação das Empresas de Transporte do Estado, e inclui desde seguro até escolta armada.

Conforme o assessor de segurança da federação, Paulo Roberto de Souza, o cenário é visto com preocupação, principalmente porque os aumentos estão sendo verificados no Estado há pelo menos 20 anos. “Tem impacto na nossa atividade e nos custos de seguro. Fizemos levantamento de custos do alto gerenciamento de risco com as empresas e, há dois anos, o número era 2% menor do que agora, que chega a 7,9% do faturamento. Se incluir a escolta, pode chegar a 13%.”

O Semeesp (Sindicato das Empresas de Escolta do Estado de São Paulo) estima que, entre dezembro e janeiro, período onde há maior movimentação de compras e, por consequência de roubos, as contratações de escolta tenham alta de até 40%. São 155 empresas em todo o Estado.

Segundo a Polícia Militar Rodoviária, a estimativa é a de que, dos cerca de 12 mil caminhões que passam pelo SAI (Sistema Anchieta Imigrantes) diariamente, pelo menos 50 tenham proteção da escolta armada. O comandante do 1º BPRV (Batalhão de Polícia Rodoviária) tenente-coronel Temístocles Telmo Ferreira Araújo enxerga a medida como positiva. “Tudo que vem para agregar na questão da Segurança é válido.”

Segundo o comandante, os três tipos de carga mais visadas no Grande ABC são os alimentícios, os eletroeletrônicos e os de eletrodomésticos. Porém, ele afirma que a maior parte dos roubos acontece nas áreas urbanas. “A predominância dos casos é no momento da descarga. Junto a integrantes das polícias Civil e Militar, fazemos reuniões mensais. Quando verificamos aumento (nos crimes), fazemos operações.”

Números da própria Polícia Rodoviária destacam que as ocorrências de roubo de cargas tiveram aumento de 100% quando considerados os crimes cometidos apenas nas rodovias da região entre janeiros de 2015 e 2016. A via Anchieta é a campeã de casos, com 16 registros no período.

Para o comandante, a inclusão do nome e RG do motorista que transporta a carga na nota fiscal do produto ajudaria no trabalho da polícia. A medida é vista como possível por Souza. Segundo ele, a obrigatoriedade está, inclusive definida no artigo 8º da Lei Complementar 121. “É um pedido importante e está em andamento. Esperamos o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) definir detalhes de documento que o motorista deve portar para identificar sua relação com a empresa. Esperamos que ainda neste ano isso esteja definido.”

 

Motorista destaca medo de assaltos, apesar de contar com proteção

A equipe do Diário conversou com equipe que fazia o trajeto entre Guarujá, no Litoral, e Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo, para transportar caminhão carregado com produtos refrigerados na manhã de ontem. O motorista Odilio Passoni, 47 anos, trabalha há seis no ramo e nunca foi assaltado. Apesar de contar com apoio de escolta armada, o medo permanece.

“Mesmo tendo a escolta em cargas de valor mais alto, prefiro carregamentos de menor valor. A viagem toda é tensa”, afirmou Passoni, que transportava carga de peixes e congelados avaliada em R$ 500 mil.

Além da escolta feita por duas pessoas com armamento de calibre 12, o caminhão que carrega a carga é monitorado. “Quando tenho de ir ao banheiro, preciso avisar a central, que autoriza. Se for em áreas de risco e eu demorar para responder, a polícia já é acionada. Não tem parada para descanso”, revela o motorista.

“O trajeto é feito de maneira tensa”, confirmou a vigilante Patrícia Sampaio, 31.

 

 




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