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Radar multa menos em Santo André
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
23/05/2005 | 07:42
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O número de multas aplicadas por radares caiu 48,1% em Santo André entre 2002 e 2004. Segundo a Secretaria de Serviços Urbanos, que administra os equipamentos no município, os flashes foram acionados 124.431 vezes ano passado, contra 239.762 vezes em 2002. Se por um lado os radares multam menos em Santo André, o número de acidentes de trânsito na cidade – principal justificativa para a instalação dos equipamentos – registrou alta no mesmo período.

Em 2002, segundo estatística da Secretaria de Estado da Segurança Pública, foram 8.561 batidas e 419 atropelamentos, que resultaram em 22 mortes na cidade. No ano passado, de acordo com o Estado, foram 10.589 choques e 591 atropelamentos, com saldo de 58 mortes, índice 141,6% superior se comparado com 2002. Enquanto as multas por radar despencaram quase 50% de 2002 a 2004, o número de mortos no trânsito enfrentou uma alta quase três maior no mesmo período.

“O problema é que os radares, principalmente fixos, estão no mesmo lugar há anos. O motorista que repete todos os dias o mesmo trajeto sabe bem o endereço de cada um dos equipamentos. Quando chega perto de um radar, diminui a velocidade. Depois, volta a acelerar, causando os acidentes”, afirma Cristina Badini, presidente da comissão de trânsito da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos). A teoria é confirmada na prática pelos motoristas da cidade.

“Logo que tirei carta, levei duas multas por excesso de velocidade. Fiquei traumatizada na época. Agora, voltei a acelerar. Se vejo um radar, piso no freio”, afirma a frentista Fabiana Paiva Branco, 27 anos. O representante de vendas Carlos Cristo usa a mesma tática para cumprir seus horários de trabalho. “Acelero onde sei que não há radar. Todo mundo faz isso”, afirma. A teoria também é aceita pela Prefeitura de Santo André. “Quando instalamos o radar em Santo André, em 1997, sabíamos que alguns motoristas poderiam ter esse tipo de postura. Andar acelerado e frear diante do radar”, diz Epeus Pinto Monteiro, assistente técnico da Secretaria de Serviços Urbanos de Santo André, responsável pelo tráfego na cidade.

Desde a implantação dos equipamentos, Santo André conta com 50 radares. “Os locais onde cada uma das máquinas foi instalada tem por base um levantamento dos acidentes de trânsito na cidade. Eram pontos considerados perigosos. Se os radares estão multando menos, quer dizer que essas pessoas são mais cautelosas hoje nesses endereços. É isso que queremos”, afirma Pinto Monteiro, também conselheiro editorial do Diário. Mas o técnico descorda das estatísticas de acidentes do Estado.

Segundo o banco de dados da Prefeitura, o número de acidentes entre 2002 e 2003 (os números relativos a 2004 ainda não foram tabulados) caiu 5,6% na cidade. As planilhas do Estado apresentam alta de 11,17% no período. Para a administração, também há diferença no volume de atropelamentos. De acordo com a Prefeitura, houve queda de 11,7% entre 2002 e 2003. Para o Estado, a alta é de 16,36% no comparativo. O cálculo de vítimas fatais de atropelamentos feito pelo município não traz números absolutos.

Polêmicas à parte, a presidente da comissão de trânsito da ANTP, Cristina Bodini, cita experiências de outras cidades que também apresentaram queda no volume de multas por radares. “Em São Paulo, a prefeitura instalou várias carcaças de radar pela cidade, mas nem todos tinham o equipamento de fotografia, que é o mais caro da estrutura. Era feito rodízio das máquinas. Assim, o motorista nunca sabia se um radar estava ou não aplicando multas”, diz a especialista.

Em Campinas, no interior do Estado, quando o fenômeno da redução no número de multas por radar se configurou, a administração municipal espalhou radares móveis – tecnicamente conhecidos como estáticos – nas mesmas vias que já contavam com o equipamento fixo. Resultado: os radares fixos mantiveram a baixa média de multas, enquanto os móveis flagraram um número muitas vezes superior de infrações. Em Santo André, no entanto, nenhuma das duas técnicas será aplicada, segundo Epeus Pinto Monteiro.

A cidade vai investir na ampliação do número de radares. A administração ainda não revela a quantidade de novos equipamentos. A expectativa é de que comecem a ser instalados já no próximo mês. Todos serão de avanço de sinal vermelho e tem por objetivo reduzir o número de atropelamentos na cidade. A escolha da empresa que controlará os radares foi feita na semana passada. O grupo deverá ser anunciado até junho. Até lá, as empresas perdedoras podem recorrer da licitação.

Além de instalar os novos radares fixos, a empresa vencedora também terá a missão de substituir três radares móveis. Os equipamentos deixaram de ser usados na cidade há cerca de um mês, após o vencimento do contrato com a empresa que os administrava. Hoje, a cidade conta apenas com dois radares móveis para fazer a cobertura de 35 pontos de fiscalização.




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