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Filme sobre Frida Kahlo não convence
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
19/04/2003 | 17:10
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Tendo como cartão de visitas uma sensualidade pronta para explodir a qualquer momento, Frida (idem, Estados Unidos, 2002), longa-metragem dirigido por Julie Taymor, traz no papel-título Salma Hayek. Uma estrela mexicana interpretando uma pintora mexicana – Frida Kahlo (1907-1954) – em um filme norte-americano. Algo está fora do lugar.

Anabolizado, o roteiro assinado por Clancy Sigal, Diane Lake, Gregory Nava e Anna Thomas renderia, com tranqüilidade, uma minissérie na TV brasileira. Disfarçadamente estruturado em episódios que intervalos de tempo frouxamente costuram, concentra-se em uma história de amor e não se aprofunda em aspectos importantes. Frida foi casada com o muralista Diego Rivera (1886-1957), também mexicano, e teve casos com mulheres e homens, entre eles o revolucionário russo Leon Trotsky (1979-1940).

Discussões artística e política deveriam ser intrínsecas a uma cinebiografia de uma pintora que se casou com um muralista engajado até o pescoço no movimento comunista, mas são incipientes – ou melhor, inacabadas. Um filme tipicamente hollywoodiano é isso aí. O cômodo, o digestível. E, em alguns casos, com um gostinho exótico, explícito em Frida na fauna e na flora mexicanas.

As seis indicações ao Oscar (incluindo a de Salma) não absolvem Frida – apenas reafirmam que o longa se encaixa nos parâmetros do cinema norte-americano, mais preocupado com a bilheteria do fim de semana de estréia. O filme levou a estatueta nas categorias trilha sonora (para Elliot Goldenthal) e para maquiagem (para John E. Jackson e Beatrice De Alba). Ficará na história por isso.




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