"Acho que é um erro os investidores abandonarem a América Latina nesse momento. Se ainda trabalhasse no setor financeiro, investiria na região. Basta olhar para o Brasil, um país rico em recursos naturais, com um enorme mercado, um setor financeiro sofisticado, empresários corajosos e criativos", disse o alto funcionário, que se reuniu com Lula na quinta-feira passada.

Segundo Wolfensohn, "a economia global está atravessando uma fase difícil e os interesses estão cada vez mais cautelosos", com uma redução do fluxo de capitais por causa de "um temor originado nos escândalos das grandes empresas, nas incertezas em relação a uma possível guerra com o Iraque e na frágil recuperação da economia mundial". "Na América Latina, se soma a tudo isso ainda a situação na Argentina", acrescentou.

Sobre a vitória de Lula nas eleições presidenciais brasileiras, o funcionário afirmou que "é, sem dúvida, um momento histórico para o Brasil, por ser ele o primeiro presidente surgido do movimento da classe trabalhadora".

"O fato de o presidente Lula ter colocado a redução da pobreza e a diminuição das desigualdades no centro da agenda política, com uma garantia de que a disciplina fiscal será mantida, já me deixou muito otimista sobre os rumos do país", considerou.

Também disse que depois da reunião com Lula "ficou muito claro que temos uma agenda comum e que a sociedade entre o Banco Mundial e o novo governo funcionará". Para ele, os conflitos que o Brasil deve resolver são: primeiro, tirar 50 milhões de pessoas da pobreza e diminuir a desigualdade; segundo, criar um país mais competitivo com um sistema de políticas que proporcionem o crescimento econômico; e terceiro, o uso sustentável dos recursos.