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EUA temem ataques químicos após passagem da 'linha vermelha'
Do Diário OnLine
03/04/2003 | 01:29
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Após a passagem pelas tropas aliadas da 'linha vermelha' que circunda Bagdá, autoridades militares norte-americanas mostraram preocupação com a possibilidade de as forças iraquianas usarem armas de destruição em massa para defender a capital. O Pentágono comemorou nesta quarta-feira a desarticulação de pelo menos duas divisões da Guarda Republicana (elite do Exército de Saddam Hussein) que ocupavam as rotas para Bagdá. O ataque definitivo contra a ditadura de Saddam está cada vez mais próximo.

"A adaga está claramente apontada para o coração do regime", afirmou nesta quarta-feira o porta-voz do Comando Central americano (Centcom) no Catar, general Vincent Brooks. "Conforme fazemos bons progressos – e nós estamos fazendo – as lutas mais duras podem estar pela frente", alertou a porta-voz do Pentágono, Victoria Clarke. "A probabilidade de que eles usem armas químicas está na nossa frente agora. Nós não subestimamos o quão duro pode ser de agora em diante", frisou Victoria Clarke.

Após uma audiência com parlamentares americanos para discutir a guerra, o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, destacou que aumentaram os riscos do uso de armas químicas contra as tropas americanas que estão nas proximidades de Bagdá. Ele disse que o comandante das tropas americanas no Golfo Pérsico, general Tommy Franks, está estudando formas de evitar um ataque do tipo contra os soldados aliados.

O chefe do Estado-Maior conjunto dos Estados Unidos, general Richard Myers, afirmou que o uso de armas proibidas pelo Exército iraquiano "pode nos atrasar, mas não nos deterá" no caminho a Bagdá. "As tropas estão preparadas para combater (diante de armas químicas e com aumento de temperatura). Elas deverão levar roupas de proteção contra ataques químicos, o que aumenta o calor, mas também poderemos combater à noite", disse Myers, também após a audiência no Congresso.

O suposto arsenal químico mantido por Saddam Hussein no Iraque se transformou no grande pretexto norte-americano para iniciar a guerra, há exatas duas semanas. Até agora, as autoridades aliadas reconhecem que não encontraram provas de que o regime mantém armas de destruição em massa. Nesta quarta, o Centcom disse que fuzileiros navais americanos encontraram mísseis proibidos Al Samoud 2 (de longo alcance) em uma instalação nas proximidades de Hilla (cidade no centro do país).

Apesar de os Al Samoud 2 (que tem alcance de vôo acima dos 150 quilômetros) terem sido proibidos ao Iraque pela Organização das Nações Unidas (ONU), eles não são considerados armas de destruição em massa. Dias antes do início da guerra, o governo iraquiano destruiu cerca de 120 projéteis do tipo.

Cada vez mais perto - Passadas duas semanas da segunda Guerra do Golfo, as tropas americanas finalmente conseguiram chegar às portas de Bagdá. Pelo menos duas frentes de vanguarda que sobem o país pelo sul estão próximas de atingir a capital, conquistando importantes vias de acesso e deixando para trás unidades da Guarda Republicana. As tropas mais avançadas estão a cerca de 30 quilômetros da periferia de Bagdá, segundo o Pentágono.

Forças da 3ª Divisão de Infantaria dos EUA passaram nesta quarta-feira por Karbala (80 km ao sul de Bagdá), após enfrentar resistência da Guarda Republicana. Pelo sudeste, Marines apoiados por efetivos da força aérea conseguiram superar a Guarda após duros combates e conquistaram uma importante ponte sobre o rio Tigre, nas imediações de Kut (160 km de Bagdá).

Enquanto as tropas americanas avançam por solo, os ataques aéreos contra Bagdá prosseguem a pleno vapor. Durante a quarta-feira, a capital sofreu várias ondas de bombardeios. Depois de uma relativa pausa entre a tarde e a noite, os ataques voltaram durante a madrugada. Entre 1h (19h de quarta em Brasília) e 4h (22h no Brasil) desta quinta-feira, os bombardeios ganharam intensidade e varreram especialmente as regiões sul e sudeste da cidade.

O Centcom afirmou que nesta quarta-feira foram usadas cerca de 40 bombas guiadas por satélite para destruir instalações de armazenamento 'altamente protegidas' em Bagdá. Os arsenais eram usados pelas forças leais a Saddam Hussein, segundo o comando militar dos EUA.

O Pentágono afirma que os bombardeios e as campanhas em solo já debilitaram muito a capacidade da Guarda Republicana. O vice-diretor de operações do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Stanley McChrystal, afirmou que as divisões Bagdá e Medina não são mais "forças credíveis".

O governo do Iraque, por sua vez, nega o sucesso comemorado pelo comando militar dos EUA. "Eles estão mentindo todos os dias, eles estão mentindo sempre e principalmente eles estão mentindo para a opinião pública", disse o ministro iraquiano da Informação, Mohammad Said al-Sahhaf. Segundo ele, os avanços aliados relatados pelos americanos são uma "ilusão".

Com agências




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