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Gaitista conserta instrumentos no Centro de Sto.André

Little Will é o único brasileiro com certificado da marca alemã Hohner para fazer a manutenção

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/10/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


O Centro de Santo André é famoso por abrigar comércios importantes para a cidade, além de ser o bairro onde está o terminal de trem, ônibus e trólebus, que liga o município à Capital. Além da importância logística e econômica, o bairro abriga um dos principais gaitistas do Brasil.

Wellington Henrique Bonfim, 32 anos, é conhecido como Little Will e toca gaita de sopro há 15 anos. “A minha paixão pelo instrumento vem desde pequeno, quando comecei a brincar com uma gaita do meu irmão. Porém, decidi me dedicar ao violão, e acabei voltando para a gaita algum tempo depois.”

Após começar a tocar, Will passou também a consertar seus próprios instrumentos. “Muitas gaitas começavam a quebrar, então, eu as afinava e consertava. Assim fui me aprimorando. Aprendi bastante com outros profissionais e agrupei informações, que ficaram ainda mais acessíveis com a chegada da internet”, afirmou.

Conforme explica o gaitista, o instrumento é semelhante ao violão. “Na verdade, a gaita é composta de vozes, sendo que cada uma equivale a uma nota musical, ou seja, se o instrumento tem 64 vozes, significa que é o mesmo número de notas.”

A habilidade autodidata deu frutos quando Will começou a consertar instrumentos de músicos do Brasil inteiro. No início deste ano, ele foi convidado pela marca alemã Hohner para conhecer a fábrica. “Foi a realização de um sonho. Fiquei dez dias fazendo um curso dentro da unidade e conheci todo o processo de produção, que é totalmente artesanal, sendo que a maioria das funcionárias é mulher, geralmente mais detalhista. No final, ganhei um certificado que me autoriza a fazer a manutenção dessas gaitas, sendo que eu sou o único do Brasil que tem o documento”, garantiu. Todas as peças utilizadas pelo andreense para a reposição são originais da fábrica alemã.

Para ajudar os músicos que não têm condições de pagar pelo serviço, Will gravou um DVD onde ensina a fazer consertos básicos dos problemas mais comuns apresentados pelo instrumento. “Chega um momento em que todas as gaitas vão precisar de manutenção. As nacionais precisam trocar as palhetas em seis meses, mas a Hohner aguenta cerca de dois anos”, explicou.

A paixão pelo instrumento tomou conta da vida de Will. Ele toca no Quarteto Harmônicos, dá aula de gaita para 50 alunos e faz a manutenção de, em média, 50 instrumentos mensais, que chegam pelo Correio até mesmo de outros países, como a Argentina.

Hoje ele tem um acervo de aproximadamente 1.000 gaitas, entre elas diversos exemplares raros. Um deles é a gaita japonesa, que tem 63 centímetros e serve para o acompanhamento das músicas. Ela custa cerca de R$ 5.000, enquanto a comum tem o preço de R$ 180.

“Ela acompanha o ritmo, mas não consegue manter a música inteira. Cada modelo é específico. As cromáticas com botão são para tocar blues, por exemplo.”

Entre os próximos projetos de Will estão o de gravar um CD solo no qual irá cantar e tocar gaita e violão. Ele também quer conquistar outro certificado para consertar escaletas, instrumento que une o sopro e as notas de piano.

O que não está em seus planos é mudar o local onde trabalha. “Santo André é a minha cidade, então, gosto bastante de estar aqui. Ainda mais no Centro, onde estamos perto de tudo”, disse.

Estudante produz menor miniatura de carro em papel

Em meio a 300 miniaturas de carros, todas feitas de papel sulfite e cartolina, o estudante de Ciência e Tecnologia Marcos Vinicius Pontes Sotter, 23 anos, transformou seu hobby em um recorde brasileiro. Ele fez a menor miniatura de carro de papel do Brasil.

Com dois milímetros de largura, três de comprimento e 1,5 de altura, ele precisou de duas pontas de compasso para fazer a dobradura. “Nele só usei papel já colorido e fiz os contornos com uma canetinha preta bem leve, para que a própria tinta não estragasse o papel”, explicou.

Marcos começou a desenhar os moldes das miniaturas quando ainda era criança. “Colecionava carrinhos da Hotwells, que já são miniaturas. Pensava em vários modelos e me perguntava se não poderia fazer alguns. As revistas que vinham com dobraduras também me ajudavam.”

O processo para a elaboração do microcarrinho não é fácil. Primeiro Sotter desenha o molde do carro em um papel, dividido em estrutura, rodas e chassi. Depois ele os adapta para a dobradura e colagem e ainda os colore com lápis.

Há modelos em que Marcos pensa nos mínimos detalhes, como um dos preferidos dele, que tem até teto solar. “Acho que esse foi o que mais deu trabalho, porque ele tem uma mecânica, já que o teto solar realmente funciona. Levei quase um dia inteiro para fazer.”

Todos os carrinhos são modelos criados pelo estudante, já que Sotter não gosta muito de carros reais. “O único que copiei é do rally do jogo de videogame Gran Turismo. Como jogava muito e sempre achei esse carro legal, resolvi fazer a miniatura, mas ele é o único.”

Normalmente Sotter leva de quatro a oito horas para a confecção completa de cada miniatura. Porém, o carrinho que garantiu o recorde levou menos que a metade deste tempo: apenas dez minutos. “Antes de começar a faculdade, fazia quatro unidades por semana. Agora, como tenho menos tempo, faço um”, disse.

Apesar de todos admirarem a perfeição das miniaturas, até hoje ele não conseguiu repassar o modo de fazer a ninguém. “Isso porque quando alguém vem aprender e vê o trabalho que dá, desiste”, explicou Sotter.

Ele pretende bater o próprio recorde até o próximo ano. “Já estou tentando fazer uma miniatura ainda menor, mas por enquanto não consegui. Essa é uma das minhas metas.”

Comércio vende fantasias há meio século

No Centro estão localizados os comércios mais tradicionais de Santo André, sendo que a maioria está concentrada no eixo entre as ruas Coronel Oliveira Lima e Fernando Prestes.

É onde fica o comércio mais antigo de fantasias de Santo André, a loja Rainha da Pelúcia, fundada há 50 anos por Deolisse Fortes Mori, 81 anos. Segundo ela, a loja é a mais antiga do Grande ABC.

“Quando decidi montar esse tipo de comércio, não havia nenhum igual. Fui a primeira, tanto que antes só vendia as fantasias que eu mesmo fazia, hoje trabalho com fornecedores”, disse.

Dona Deolisse começou costurando, ofício que ainda exerce hoje, mas com pouca frequência, já que sua principal função no comércio é de caixa. “Mudei para Santo André quando era pequena e sempre gostei de costurar. Acabei exercendo esse ofício quando cresci e tinha uma grande demanda de fantasias, era muita coisa mesmo. Aí me veio a ideia de montar a minha loja. Recebo muitos pedidos de escolas para peças de teatro ou quando as crianças têm alguma apresentação e confeccionamos todas as peças.”

Com as economias que juntou ao longo deste meio século, deu-se ao luxo de parar de costurar. “Hoje tenho muitos fornecedores e estou sempre atrás de novidades, porque esse ramo é assim, tenho sempre que estar atenta. Hoje a moda é pirata, amanhã é bruxa, já foi militar, e aí vem a busca pela variedade.”

Segundo ela, o que nunca sai de moda são os contos de fadas. “Sempre temos que ter várias opções de fantasias de Cinderela, Branca de Neve, Sininho, Alice, Bela Adormecida.”

Para ela, o que prevalece após tanto tempo de dedicação ao trabalho é a satisfação de atender os clientes antigos e fiéis. “Tem gente que veio aqui comprar fantasia quando era criança e hoje vem com o filho e até o neto. É uma continuidade, então acabo participando de toda a história da família, o que me deixa extremamente feliz.” 




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