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Falta de profissionais é grave na construção

A falta de profissionais qualificados impacta diretamente a competitividade das companhias

Por Cláudio Conz
16/02/2012 | 00:00
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Mais uma vez, retomo o tema da qualificação profissional no setor da construção. Aqui, refiro-me tanto aos canteiros de obras quanto ao nosso varejo de material de construção. Notícias diárias sobre essa questão tomam conta dos jornais, pois esse ainda é um grande problema de nossa economia, falta muita gente qualificada. É contraditório que o mercado de trabalho se torne mais e mais competitivo a cada ano, enquanto muitas vagas permanecem abertas durante meses, por falta de pessoas com aquele determinado perfil. E a falta de profissionais qualificados impacta diretamente a competitividade das companhias.

Para se ter ideia, esse tema foi apontado como um dos maiores problemas que as empresas da construção civil tiveram de enfrentar no último trimestre de 2011. De acordo com os dados da sondagem da indústria da construção, 68,1% das companhias tiveram dificuldades para contratar trabalhadores devidamente qualificados no período em questão. As vagas existem, no entanto, não há pessoas capacitadas para preenchê-las.

Nesse contexto, é necessário que as empresas saibam reter os bons funcionários, além de qualificá-los. A capacitação é uma saída muito inteligente, num Brasil em que falta gente. Treinar pode ser bem mais barato do que trazer um profissional já pronto de fora. E muitas companhias já perceberam que investir em treinamento é uma boa saída para quando se quer resolver em parte essa situação. Algumas empresas estão treinando temporários para que, quando a vaga surgir, elas já tenham quem preenchê-la.

Nós, do setor do varejo de material de construção, temos nos empenhado sobremaneira para aliviar a falta de profissionais qualificados. Muitas lojas oferecem programas internos de treinamento. Como se não bastasse a falta de trabalhadores capacitados para os grandes canteiros de obras, gostaria de lembrar que 77% do consumo de material de construção vem do chamado consumidor ‘formiga’, ou seja, aquele que ele mesmo compra os materiais, contrata os profissionais etc.

Costumo falar que o cliente quer um sonho e entregamos a ele um pesadelo. A falta de profissionais capacitados causa desperdício de materiais, dores de cabeça e, o pior de tudo: acidentes. Assim, nosso setor é um dos campeões em acidentes de trabalho.

Na Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), entidade que presido, estamos diretamente ligados à questão da qualificação. Em nossa Loja Escola do Varejo – loja modelo, com os mais diversos tipos de treinamento – procuramos treinar profissionais de várias maneiras. Um curso de eletricistas, em parceria com a Sil e a AES Eletropaulo, por exemplo, já formou mais de 11 mil profissionais. Outro exemplo é o curso de vendedor de material de construção em parceria com o Senac, totalmente gratuito, para ajudar os lojistas a melhorar o atendimento e suprir a falta de vendedores bem treinados.

O fato é que esta é uma questão que já faz parte da realidade da nossa economia. Nesse sentido, devemos unir o setor privado, empresas, associações de classe, poder público e toda a sociedade para amenizar esse grave problema do mercado brasileiro. E essa é discussão que temos tido também dentro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República), órgão do qual também faço parte. Espero que todos juntos possamos propor soluções.




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