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Ford suspende demissoes temporariamente
Por Evando Nogueira
e Alessandra Ber
Da Redaçao
03/02/1999 | 08:41
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A Ford resolveu suspender, pelo menos temporariamente, as demissoes anunciadas em dezembro. Nesta terça, em uma reuniao realizada entre a direçao da empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ficou decidido que a companhia irá abrir um PDV (Programa de Demissoes Voluntárias) para todos os trabalhadores, inclusive os que haviam sido demitidos, até o dia 12 de fevereiro. O acordo foi aprovado em assembléia realizada nesta quarta, na porta da fábrica.

Até lá, os 2,1 mil dispensados - esse número leva em conta que dos 2,8 mil cortados inicialmente há 400 que já fizeram a homologaçao e mais 300 que têm estabilidade - serao considerados trabalhadores em licença remunerada. Após esse prazo, montadora e sindicato voltam a discutir, no dia 18 de fevereiro, métodos de reduçao de custos e pessoal excedente, dependendo do total de pessoas que aderirem ao PDV.

Os que quiserem se desligar a partir de agora receberao como incentivo indenizaçao de 41,5% do salário por ano de casa e plano de saúde até abril ou R$ 900. "O voluntariado é uma forma justa de saber quais pessoas pretendem continuar na empresa ou nao", disse o presidente do sindicato, Luiz Marinho.

Para ele, com o fim do PDV é que irá começará a verdadeira negociaçao sobre a reduçao de custos com mao-de-obra na empresa. Segundo Marinho, esse processo passará por uma série de iniciativas de modo a propiciar que o máximo de excedentes continue nos quadros da empresa.

As propostas desse futuro acordo já estao sendo alinhavadas, mas o sindicalista ainda nao revelou os detalhes. Existe a possibilidade de haver reduçao de salários, limitaçao de horas-extras, de adicionais, além de aumento do preço para o funcionário de benefícios como transporte e alimentaçao. "Essas sao apenas hipóteses, nada confirmado. Mas sao idéias que estao sendo adotadas em outros casos que podem servir de espelho." Marinho disse ainda que um dos pontos a ser discutido para a reduçao dos gastos será a terceirizaçao.

A grande esperança do sindicato é que haja uma recuperaçao do mercado durante as negociaçoes da segunda etapa. E um dos prováveis responsáveis por essa suposta melhoria das vendas é o plano emergencial de reduçao do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que está sendo elaborado entre entidades sindicais, montadoras e governos federal e estadual. "Ambas as partes (sindicato e empresa) precisam ganhar tempo para que o plano de reduçao do IPI seja implementado. Acredito que esse programa possa nos ajudar", disse Marinho.

O projeto está sendo estudado pela equipe econômica, mas Marinho recebeu a garantia do senador Antônio Carlos Magalhaes de que o governo vai aceitar a idéia. "Acredito mais no ACM do que no presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou.

A grande dúvida da reuniao desta terça era com relaçao aos salários de janeiro, que somam R$ 7 milhoes. Ainda nao estava definido se empresa pagaria os demitidos, mas, com a implementaçao da licença remunerada é bem provável que todos vao receber.

Os sinais de otimismo começaram a ser sentidos durante a assembléia realizada pela manha, em que foi novamente aceita em votaçao a proposta para que ninguém entrasse na empresa. Com isso, a empresa completou um período de 31 dias úteis sem produzir um único veículo. Mas, pelo nível dos estoques em relaçao às vendas, a companhia nao deverá ter problemas para abastecer suas concessionárias.




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