A linha de produção da Marelli, antiga Cofap, que fabrica componentes para amortecedores em Mauá, ficou paralisada por duas horas na manhã de ontem. O motivo foi um protesto contra a falta de segurança no chão de fábrica. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, este foi um alerta à empresa antes de deflagrar greve por tempo indeterminado, o que foi acordado em assembleia com os trabalhadores na parte da tarde.

O diretor executivo da entidade, Rafael Loyola, afirmou que desde dezembro três pessoas se acidentaram, sendo que uma delas perdeu parte do dedo. “A empresa deveria cumprir a NR-12 (Norma Regulamentadora), que prevê a segurança no trabalho e máquinas e equipamentos. Mas não é o que temos visto, devido ao número de acidentes. Além disso, desde que a pandemia começou, os bebedouros foram inativados, e a empresa tem oferecido água em garrafa, mas ela vem quente, isso porque em alguns ambientes da planta há fornos, o que chega a ser desumano. Precisamos ter melhores condições de trabalho”, explicou. “O estopim que nos fez aderir à paralisação foi uma ‘gambiarra’ feita por um gerente em uma máquina que precisava passar por manutenção, o que não ocorreu, e isso expôs os trabalhadores ainda mais ao risco. Essa máquina não foi arrumada porque há forte sobrecarga, o que tem levado os operários a intenso estresse físico e mental.”

A Marelli emprega em Mauá cerca de 1.000 funcionários – nos anos 1990, porém, havia em torno de 13 mil empregados. Nos últimos dois anos, houve redução de 200 postos de trabalho no local.

“A firma prometeu que vai conversar e pediu pauta de reivindicações. Queremos o fim da pressão, melhores condições de trabalho, mais segurança e contratações. Se não aceitar, paramos por tempo indeterminado”, assinalou. Procurada, a Marelli disse que não iria se pronunciar.