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Memórias de um trabalhador
Por Cíntia Banús
Especial para o Diário
30/07/2005 | 09:01
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Oswaldo Lourenço, 80 anos, atualmente preside o Sindicato dos Aposentados e Pensionistas Ferroviários e Demais Categorias do Estado de São Paulo (SINDAPFER), mas sua ligação com os movimentos sociais é de longa data. Nasceu em Santos e mora em Santo André desde 1965. A idéia de colocar suas idéias no papel surgiu depois de ser muito procurado por estudantes e pesquisadores que pediam informações sobre os fatos que ele vivenciou. "Não fiz isso para escrever", disse Oswaldo, ao refletir sobre o fato de sua vida de lutas ter rendido um livro.

O resultado é o recém-lançado livro Companheiros de Viagem (Editora Maturidade, 314 págs., R$ 30), no qual o santista conta histórias desde sua infância até a participação no movimento armado contra o regime militar em 1964.

Oswaldo consegue transpor para a obra sua simplicidade. Os detalhes do Movimento Sindical Santista, chamada à época de "cidade vermelha" e o perfil de militantes e líderes esquerdistas, entre eles Carlos Marighella, fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN), são retratados de maneira clara e objetiva.

Filho de pai anarquista, Lourenço começou a se envolver com as lutas de classe aos 18 anos, quando trabalhava no Porto de Santos. "Fiz uma prova para a área administrativa, passei e a partir daí comecei a atuar no Sindicato.", conta.

O autor permeia a história das greves, prisões e torturas com passagens de suas aventuras amorosas até o casamento com Antonieta, a esposa e companheira, e o nascimento de suas três filhas. A publicação traz 16 páginas com fotos históricas da cidade natal, além de imagens de alguns dos companheiros de lutas, como Luiz Carlos Prestes e Vitelbino Ferreira.

Lourenço pretende lançar em breve um segundo volume, que será dedicado à história do movimento dos aposentados. Ele chegou escrever sobre o tema para o Diário, mas garante que tem muito mais histórias para contar.

Companheiros de viagem é um livro das memórias que Oswaldo conseguiu resgatar. "Não estava sozinho, dividi muitas coisas com meus companheiros, mas a maioria deles já morreu", explica. Aautobiografia que pode ser entendida como uma aula de história do Brasil.




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