Economia Titulo Lei do Bem
Redução salarial teve impacto de até R$ 1,8 bi

Na pandemia, deixaram de circular na economia da região, no mínimo, R$ 628,8 mi

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
31/12/2020 | 00:10
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A redução de salário e jornada proposta pelo governo federal foi medida amplamente utilizada pelas empresas para garantir os empregos em meio à pandemia de Covid-19. O uso da ferramenta de flexibilização termina hoje, junto com o decreto de calamidade pública e, a partir de amanhã, o pagamento integral, assim como as horas cheias de trabalho devem ser retomados. Dependendo do período de implementação e da porcentagem de redução salarial, a perda de valores na economia da região pode variar de R$ 629,8 milhões e chegar a até R$ 1,8 bilhão.

A estimativa é do coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, feita a pedido do Diário. A base usada é o número de trabalhadores nas empresas do Grande ABC que aderiram à lei do Bem (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda) do Ministério da Economia.

No início desta semana, reportagem do Diário mostrou que foram realizados 446,1 mil acordos de abril a outubro, o que atingiu 241,3 mil trabalhadores – incluídos contratos intermitentes e lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho). Ou seja, um terço do total de estoque dos profissionais com carteira assinada, que somavam 689,1 mil em outubro.

O especialista considerou três cenários para fazer as projeções de quanto a região perderia economicamente com a redução dos vencimentos. Em todos eles, foi utilizada a média salarial da região, atualmente em R$ 3.095.

No caso da duração média de três meses por acordo, a perda chega a R$ 629,8 milhões. Considerando o cenário de seis meses, o montante salta para R$ 1,2 bilhão, o que aumenta para R$ 1,8 bilhão se a duração for para oito meses.

Da Conceição defende iniciativa diferente da implantada pelo governo, com a composição de banco de horas, manutenção do rendimento e apoio do governo à folha de pagamento. Para ele, é importante que o decreto de calamidade seja estendido para prorrogar o programa e criar outros modelos visando a garantia dos empregos.

“Ainda não estamos em uma retomada forte, existe muita incerteza e não se sabe o que vai acontecer daqui a dois ou três meses. Com este cenário, é difícil para a empresa conseguir retomar a folha salarial como antes. É necessário estender o decreto e permitir acordo de manutenção dos empregos com manutenção do governo”, afirmou.

O orçamento da casa da analista de documentação Edilaine Lima Moreira, 34 anos, moradora de Diadema, foi reduzido pela metade, já que ela e o marido tiveram redução salarial de 50%.

“Antes da pandemia, a gente saia bastante para o shopping e, desde o início, passamos a ir só para o trabalho. Economizamos de um lado, mas de outro, gastamos mais com Netflix, internet e luz, que aumentaram bastante. A parte de alimentação também pesou, porque antes nós comíamos na empresa (ela trabalha em uma fábrica de espumas)”, disse Edilaine, que tem um filho de 6 anos e, para economizar, substituiu alguns produtos. “A empresa cede uma cesta básica, o que ajuda bastante. Mas estamos comprando o mínimo de besteiras, e iogurtes e salgadinhos trocamos por marcas mais em conta. Com a carne bovina em alta, também compro mais frango ou bisteca.”

Ela acredita que a medida deva ser prorrogada e já se planejou para os próximos meses com salário menor. Mesmo assim, ela é grata por manter o emprego. “O que foi muito bom neste período é que convivi mais com meu filho, já que ia trabalhar na empresa dia sim, dia não”, contou. “Teve o lado bom e o ruim. Mas foi um período que a gente conseguiu acordar e ver o que era essencial na nossa vida”, finalizou. 




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