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Pressão de Morando azeda harmonia na Fundação

Tucano tensionou elo com aliados e atropelou rodízio; reflexo envolve possível saída de Sto.André

Raphael Rocha
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
30/07/2020 | 00:01
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A briga do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), por poder provocou quebra da harmonia dentro da FUABC (Fundação do ABC). Desde o início do mandato, em 2017, o tucano tensionou relação com correligionários e atropelou tradicional rodízio regional na direção da entidade, estabelecido com Santo André e São Caetano, também mantenedoras. O reflexo desta postura envolve possível saída andreense do quadro de contratantes dos serviços do órgão, que presta trabalho de gestão em equipamentos de saúde da cidade desde meados de 1980.

Assim como aconteceu no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Morando agiu desde os primeiros dias de governo para mexer no comando da instituição, visando ampliar a força além de seus domínios do Paço. No começo da gestão, o prefeito Paulo Serra (PSDB) indicou Maria Bernadette Vianna ao posto. Ela tomou posse em fevereiro, mas ficou, curiosamente, apenas sete meses no cargo, abrindo espaço para que São Bernardo antecipasse o cronograma da nomeação.

Com a decisão, Morando já tinha na agulha a indicação do advogado Carlos Maciel, integrante no núcleo duro da administração tucana e então secretário de Assuntos Governamentais. A ideia inicial era que Maciel ficasse à frente da fundação de setembro de 2017 até fim de 2019. Previsão. No meio do caminho, mais precisamente em maio de 2018, ele foi forçado a pedir renúncia da cadeira depois de ser alvo da Operação Prato Feito, da PF (Polícia Federal), que investiga desvios de recursos em contratos de alimentação escolar e hospitalar.

Apesar da turbulência gerada pelo indicado, o chefe do Executivo de São Bernardo manteve a preferência na nomeação e abençoou o nome de Luiz Mario Pereira de Souza Gomes, que até então exercia o posto de procurador-geral do município. Permaneceu na função no decorrer do biênio, tendo a médica Adriana Berringer Stephan, quadro de São Caetano, no posto de vice-presidente e José Antônio Acemel, o Espanhol, como secretário-geral. Em novembro, data da nova eleição, houve conflito interno protagonizado por Morando.

Pela tradição, São Caetano escolheria o comando da FUABC, quando o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) alçou Adriana ao cargo, e Santo André definiria a vice-presidência, só que São Bernardo interveio e também encaminhou ofício para indicar o número dois, sugerindo a manutenção de Luiz Mario na direção. Paulo Serra abriu mão, e Morando acertou aliado na condição de vice. Santo André seguiu na secretaria-geral.

O Diário mostrou no sábado que Santo André abriu edital de chamamento público para contratar nova OS (Organização Social) para que possa atuar na gestão da saúde no município, em possível substituição da FUABC.

A Prefeitura de São Bernardo alegou que o critério para a ocupação do cargo de presidente e vice é definido por lei. “Importante esclarecer que o rodízio regional não possui previsão legal, mas ocorre pelo entendimento mútuo entre os dirigentes dos entes municipais instituidores quanto à indicação para os cargos diretivos da entidade”, pontuou o Paço, ao acrescentar que qualquer prática no sentido de esvaziar ou até mesmo de deixar a instituição resultaria na responsabilização legal dos gestores, sobretudo quando há dívidas em aberto junto à instituição.

A Fundação sustentou, por sua vez, que a indicação do presidente e do vice é ato discricionário do prefeito do município que está à frente da entidade, sendo que a cada dois anos as cidades se revezam no comando da direção. 




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