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Trabalhadores da Ford fazem protesto no centro de SP
Por Do Diário OnLine
e Ana Paula Dutra
Da Redaçao
28/07/1999 | 12:30
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Cerca de 300 empregados da Ford Ipiranga fizeram uma assembléia em frente ao Ministério da Fazenda, na Avenida Prestes Maia, regiao central de Sao Paulo, na manha desta quarta-feira. Os manifestantes partiram, por volta das 9h da fábrica, em uma passeata, e percorreram sete quilômetros. Eles se uniram aos outros trabalhadores, que estao acampados em frente ao órgao do governo desde segunda-feira. Além disso, o grupo contou com a solidariedade dos metalúrgicos do setor de autopeças e das unidades de Sao Bernardo e de Taubaté, que engrossaram a multidao que participou da assembléia.

A categoria teme que haja demissoes no setor por causa da transferência de operaçoes da fábrica de caminhoes e pick-ups do bairro da Zona Sul de Sao Paulo para Sao Bernardo. Eles acreditam que a montadora esteja planejando centralizar a industrializaçao de caminhoes no Grande ABC e transferir a fábrica de carros para a Bahia. Por isso, reivindicam que seja incluída, na Medida Provisória do governo federal, que oficializa os incentivos fiscais para a instalaçao da unidade do nordeste, um artigo que garanta a manutençao de empregos. Os manifestantes que acampam em frente ao Ministério da Fazenda prometem nao arredar o pé até esta quinta-feira (29), quando a MP será editada.

Membros dos principais sindicatos e parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) também participaram da assembléia.

Terça-feira (27), a ex-candidata a governadora, Marta Suplicy, disse que os postos de trabalho estao sendo ameaçados "por um governo incompetente, que nunca mexeu uma palha para evitar a guerra fiscal." Marta também culpou o governador Mário Covas (PSDB). Segundo ela, Covas deveria ter usado a força do estado de Sao Paulo para pressionar contra essa guerra fiscal.

O deputado José Genoíno destacou, terça (27), em discurso, que "os empregos que a Ford criará na Bahia representam o desemprego em Sao Paulo". "Essa empresa recebe recursos públicos para se reestruturar", completou. Genoíno disse aos trabalhadores que lutará no Congresso para que a medida provisória do regime automotivo seja reeditada com cláusulas adicionais que atendam às reivindicaçoes das centrais sindicais. A principal é a garantia de emprego nas demais fábricas do país pelas montadoras que vierem a se instalar no Nordeste para aproveitar incentivos fiscais.

Sem Acordo - A Ford negou, terça-feira (27), o pedido de garantia de emprego para todos os funcionários do Estado de Sao Paulo feito pelos dirigentes dos sindicatos dos metalúrgicos durante reuniao, realizada na capital.

A proposta, segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sao Paulo, era baseada na hipótese da mudança da planta do Ipiranga para as instalaçoes da empresa no bairro do Taboao, em Sao Bernardo. Caso a transferência realmente se consumasse, os sindicalistas queriam uma garantia de trabalho, por escrito, por pelo menos um ano.

Embora Paulinho e dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirmassem que a montadora responderia à proposta apenas nesta quinta-feira, o presidente da Ford do Brasil, Antônio Maciel Neto, foi categórico ao afirmar nesta terça-feira mesmo que a garantia de emprego só pode ser dada pelo tamanho do mercado e da capacidade da empresa.

O executivo afirmou ainda que espera um aumento considerável da produçao para o próximo ano, sem especificar os números. "Estamos trabalhando firmemente nesta direçao. Nao podemos dar garantia de emprego sem saber qual será a reaçao do mercado", afirmou.

Maciel disse que a transferência da linha de produçao da unidade do Ipiranga para o Taboao ainda é incerta. Segundo ele, os estudos que determinarao se esta medida será viável ainda estao em fase de conclusao. A explicaçao do presidente da Ford é que ainda nao foi possível determinar, ao certo, o valor dos investimentos necessários, o custo da produçao e o destino dos funcionários excedentes. Ele garantiu ainda que a fabricaçao dos veículos leves, que hoje sao montados no Taboao, por enquanto nao sairá do Estado e que há espaço físico suficiente na planta para a instalaçao das duas linhas de produçao independentes, a de caminhoes e a de carros leves.

O executivo garante que constam da proposta do BNDES uma cláusula que vincula o benefício à geraçao de empregos na própria planta da Bahia, o que na sua opiniao é bastante viável. A promessa da Ford é gerar com a nova planta mais de 5 mil empregos diretos e cerca de 45 mil indiretos, já que os veículos da linha Amazon, que será fabricada em Camaçari, sao compostos de mais de 4 mil peças, o que demanda um grande número de funcionários especializados.




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