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FHC confirma saída de Calheiros
Do Diário do Grande ABC
15/07/1999 | 10:53
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O presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou, durante reuniao com lideranças do governo, a saída de Renan Calheiros do Ministério da Justiça e a nomeaçao do líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra (PMDB-RN), para uma vaga no Ministério. Na reuniao, que terminou na madrugada desta quinta-feira, o presidente considerou a possibilidade de Calheiros assumir a liderança do Governo no Senado, no lugar de Bezerra.

Fernando Henrique está reunido desde as 10h desta quinta com o ministro das Comunicaçoes e articulador político do governo, Pimenta da Veiga, e o líder do PTB na Câmara dos Deputados, Roberto Jefferson (RJ), estao reunidos, no Palácio da Alvorada.

Fernando Henrique garantiu aos líderes do PMDB que o partido manterá seus três ministérios, dos quais o terceiro deve ser anunciado nesta quinta. Eliseu Padilha será mantido ministro dos Transportes.

Estao também confirmados fora do Ministério, pelo menos outros três nomes: os ministros da Agricultura, Francisco Turra (PPB), da Ciência e Tecnologia, Luiz Carlos Bresser Pereira (PSDB), do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio, Celso Lafer (PSDB).

O porta-voz da presidência, ministro Georges Lamazière, informou que a reforma será divulgada "a partir desta quinta-feira", diretamente pelo presidente. Ele negou que o anúncio será feito em cadeia nacional de rádio e televisao.

O ministério da Ciência e Tecnologia deverá ser extinto e seus órgaos apêndices serao distribuídos entre os ministérios do Desenvolvimento e o da Educaçao. As secretarias de Comércio Exterior, Planejamento e Avaliaçao, Administraçao e Patrimônio, Políticas Regionais e Comunicaçao Social serao extintas, com as suas funçoes também transferidas para outros ministérios, menos de sete meses depois de terem sido criadas.

A secretaria de Relaçoes Institucionais, ocupada nesta quarta-feira por Eduardo Graeff, poderá ser transformada em uma secretaria de Governo, com status de ministério, encarregada da coordenaçao política. Este é um dos principais embróglios na mao do presidente, que pretendia nomear para a funçao o presidente da Itaipu Binacional, o ex-deputado tucano Euclides Scalco, que nao aceitou o convite. Outros nomes foram cogitados, mas Fernando Henrique ainda nao decidiu.

Também poderá ser criado o ministério do Desenvolvimento Urbano, que englobaria a secretaria nesta quarta-feira ocupada pelo ex-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) e ex-ministro Sérgio Cutolo e também a secretaria de Políticas Regionais, conduzida por Ovídio de Angelis (PMDB), que deixará o governo. A criaçao desta nova pasta, contudo, ainda nao está totalmente decidida, pois o presidente continua procurando nomes.

Nesta quarta-feira, uma inesperada audiência de Fernando Henrique ao senador Paulo Hartung (PSDB-ES), que foi diretor de uma área voltada para políticas sociais no BNDES e tem feito estudos sobre o desenvolvimento urbano, alimentou especulaçao de que ele pudesse ser um potencial candidato ao novo ministério ou ao lugar de Celso Lafer, mas assessores do presidente negam esta possibilidade. Hartung passou o dia em Brasília e voltou para Vitória no início da noite.

A falta de definiçao sobre quem serao os novos ministros e as informaçoes nao oficiais sobre quem sairá acirraram as tensoes dentro da base aliada do governo e entre os próprios auxiliares do presidente. Com a sua saída dada como certa por pelo menos três interlocutores de Fernando Henrique, Bresser Pereira manifestava contrariedade. Ao contrário de vários colegas seus, ele nao entregou a carta colocando o seu cargo a disposiçao.

Até o início da noite, o ministro tucano assegurava a seus assessores que sua saída nao passava de boato, já que o presidente nao mantivera contato com ele. Sua demissao foi decidida como açao simbólica, para mostrar que o presidente tiraria um naco de poder do seu próprio partido.

Embora auxiliares de Fernando Henrique afirmem que a demissao do pepebista Turra terá "custo político zero", já que a bancada parlamentar do partido é pequena e o PPB ainda tem o ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, o partido procurava se articular para brecar o processo de saída. "O ministro está sendo muito defendido por pessoas da maior confiança do presidente", disse o vice-presidente do PPB, deputado Pedro Corrêa (PE), para quem "os órgaos de classe estao mobilizados neste sentido". Mas o presidente de honra do partido, o governador de Santa Catarina Esperidiao Amin, preferiu nao entrar nesta cruzada. "Eu nao vou comentar uma decisao do presidente", disse. "Se tem tanta gente dizendo que ele vai sair, vamos esperar o Diário Oficial."

Com a sua saída defendida publicamente por dirigentes do PSDB e do PFL, o ministro da Justiça Renan Calheiros articula a sua permanência. "Ainda há uma chance de ele ficar", disse um peemedebista próximo a Fernando Henrique. A preocupaçao do PMDB com uma possível reduçao de seu espaço é grande. "Somos fortes e nao vamos aceitar a diminuiçao da nossa parcela no poder", disse o senador Ney Suassuna (PB), que estará nesta quinta-feira (15) com o presidente, acompanhando o governador da Paraíba José Maranhao, em uma audiência anteriormente marcada.

Segundo um interlocutor de Fernando Henrique, o presidente está dando preferência a nomes que nao priorizem os partidos a que sao filiados em detrimento da fidelidade ao governo, mas nao pretende alterar o equilíbrio de forças entre seus aliados e as regioes do País, com exceçao do PPB, que considera super representado. "Ele vai tomar o cuidado de montar uma equipe em que cada regiao do país se sinta representada e que, dentro das cotas partidárias, se respeite a correlaçao de forças existente em cada legenda."




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