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Em Ribeirão Pires, um jornaleiro à moda antiga
Por Aline Melo
27/11/2018 | 07:00
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Denis Maciel


 O operador de máquinas aposentado Antonio de Souza, 81 anos, está à frente da banca de jornal que fica próxima ao Hospital Ribeirão Pires, no Centro da cidade, há 32 anos. Avesso à tendência de oferecer produtos diversos, como tem sido adotado por muitas bancas, Souza afirma que não abre mão de vender exclusivamente jornais e revistas. “No máximo, tenho canetas, para quem quiser comprar palavras cruzadas”, explicou. Os pedidos dos clientes para que sejam ofertados cartões de recarga de celular, títulos de capitalização com sorteios diversos, entre outros itens, são categoricamente rechaçados. “Sou um jornaleiro à moda antiga. Não vendo nem mesmo adesivo”, definiu ele.

Por ser vizinha ao equipamento de Saúde, a banca é conhecida como Banca Hospital, apesar de não ser esse o nome oficial. “Na verdade, nem tem nome”, relatou o simpático proprietário. Por cerca de três anos, Souza manteve o trabalho de jornaleiro e de operador de máquinas, mas, mesmo antes de se aposentar, passou a se dedicar integralmente às vendas. “Era muito puxado”, relembrou.

Atualmente, a atividade na banca de jornal tem como objetivo principal manter mente e corpo ocupados, uma forma de “não ficar só jogado na cama”, brincou. “Não que seja rico”, destacou o jornaleiro. “Tenho uma casinha alugada, minha esposa e eu somos aposentados, não faço conta de quanto entra aqui diariamente. Sigo trabalhando, mas não sou escravo do dinheiro”, explicou.

Pai de dois filhos – um deles funcionário da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e o outro proprietário de uma empresa de eletrônica –, Souza já manifesta o desejo de se afastar da banca, devido a algumas dificuldades com a visão. O aposentado não acredita que algum dos herdeiros vá dar continuidade ao negócio. “Eles têm seus compromissos, suas ocupações. Quando chegar mesmo a hora de parar, vou conversar com todo mundo. Talvez alguma nora, ou algum amigo, possa assumir a banca”, pontuou.

Enquanto esse dia não chega, o operador de máquinas aposentado segue firme na rotina entre a casa e o trabalho, que, além de o manter ocupado, o ajudou a construir diversas amizades ao longo da vida. “Vi mulher passar grávida aqui na frente da minha banca, a criança nascer, crescer, se formar, casar e agora estar esperando o seu próprio filho”, celebrou.

 




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