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Técnico quase foi linchado em padaria, revela advogado

Acusado de abuso sexual e assédio moral, Fernando de Carvalho Lopes estava com filho

Por Dérek Bittencourt
06/05/2018 | 07:05
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Desde que o caso envolvendo o técnico Fernando de Carvalho Lopes voltou à tona com força total, há uma semana, ele tenta se manter em casa. Acusado por dezenas de ginastas de abuso sexual e assédio moral, o treinador que fez carreira no Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), no qual está afastado de cargo administrativo, e que soma passagens pela Seleção Brasileira e na ASA São Bernardo, passou por momento de tensão juntamente com um dos dois filhos, que ainda é criança. 

“Ele foi a uma padaria com o filho e quase foi agredido, linchado. A gente sabe do poder e da importância da imprensa, mas não pode haver conclusão de veracidade absoluta dos fatos. Há necessidade de processo legal, ampla defesa e contraditória, verdade real, princípio da presunção de inocência. Se for processado e condenado, que cumpra sua pena com a sociedade e vá preso”, contou o advogado Luis Ricardo Davanzo, que é presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em São Bernardo.

O defensor ainda falou sobre o sofrimento dos familiares de Fernando – muito em função da condução midiática do caso. “Neste momento, pelo que foi posto pela imprensa, a sociedade tem como sendo verdade absoluta, quando na verdade não é, precisa ser confirmada perante a Justiça. Que se combata o crime, mas que se dê o direito à defesa. Ninguém é a favor de abuso sexual, assédio sexual. Muito pelo contrário. Só que tem de ser respeitado. Se a gente percebe nas redes sociais críticas sobre quem é defensor, imagina o que sofrem o pai, a mãe, os filhos, os amigos...”, disse.

Nesta semana são esperados novos depoimentos à delegada Teresa Alves de Mesquita Gurian, da Delegacia de Defesa da Mulher, incluindo o da psicóloga Thais Copini, que prestava serviço aos atletas do Mesc, e do técnico de São Caetano e coordenador-chefe da Seleção Brasileira, Marcos Goto, que admitiu ter ouvido boatos sobre os casos, foi acusado de não denunciar e ainda fazer chacota dos atletas envolvidos. O próprio técnico Fernando de Carvalho Lopes ainda não foi convocado, mas deve depor no próximo dia 17. 

“Estamos colocando ele à disposição para ser ouvido a qualquer momento. Tem que se defender na Justiça dos fatos apurados no inquérito policial, sendo que as investigações da imprensa podem servir como elemento para instruir, inclusive, o inquérito”, explicou Davanzo, que, entretanto, acredita que seu cliente só será escalado quando todas as possíveis vítimas ou pessoas diretamente envolvidas forem ouvidas. “Algumas pessoas que deram entrevistas ainda não foram na delegacia”, complementou.

Davanzo, inclusive, desmentiu notícia de que o treinador já teria sido convocado – antes mesmo da veiculação da matéria –, mas apresentou atestado médico para alterar a data. “Ele jamais tentou adiar, não está doente. Lógico, está mal pela situação, mas não tentou adiar”, disse o advogado.

Na sexta-feira, Fernando de Carvalho Lopes foi surpreendido na casa dos pais – onde também reside –, no bairro Assunção, em São Bernardo, por policiais civis cumprindo mandado de busca e apreensão, acompanhados pela delegada Teresa Gurian. Foram levados CDs, DVDs, pen drives, HD externo e fita cassete para averiguação. 




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