Internacional Titulo
Pequim desafia EUA e admite que possui bomba de nêutrons
Por Do Diário do Grande ABC
15/07/1999 | 10:10
Compartilhar notícia


A China levantou a voz de maneira ostensiva com Washington, ao admitir publicamente nesta quinta-feira, pela primeira vez, que possui a tecnologia da bomba de nêutrons, num momento em que a tensao com Taipé aumenta de maneira perigosa.

Numa conferência de imprensa organizada para rechaçar as acusaçoes de espionagem nuclear formuladas por Washington contra Pequim, o porta-voz do governo chinês informou que a China vinha "controlado sucessivamente" a tecnologia da bomba de nêutrons e depois a da miniaturizaçao das armas nucleares nos anos '70 e '80.

Um especialista militar ocidental comentou que a decisao de Pequim de tornar pública a informaçao de que possuía este tipo de arma era principalmente uma mensagem dirigida aos Estados Unidos, quando as relaçoes entre os dois países estao em seu nível mais crítico, depois que a Organizaçao do Tratado do Atlântico Norte (Otan) bombardeou a embaixada chinesa em Belgrado, em maio passado.

"O anúncio tem objetivo de propaganda, inclusive na China, mostrando que Pequim conseguiu desenvolver seu próprio armamento nuclear de maneira independente", comentou, por sua vez, um diplomata ocidental.

Desde sábado, quando o presidente de Taiwan afirmou a uma rádio alema de que a ilha iria manter relaçoes "de Estado para Estado" com a China, a tensao nao pára de aumentar entre Pequim e Taipé, que conta com o apoio dos EUA.

A guerra verbal entre a ilha e o continente, separados desde a fundaçao do regime nacionalista de Taipé, em 1949, alcançou seu auge na quinta-feira, com uma declaraçao do ministro chinês da defesa, Chi Haotian, deixando clara uma ameaça de intervençao militar da China em Taiwan, para evitar que a ilha proclame sua independência. Taiwan reagiu, intensificando o estado de alerta de suas tropas na ilha de Quemoy, a apenas 2 km da costa chinesa.

Mas segundo os especialistas militares, os detalhes entregues na quinta-feira pela China sobre seu programa nuclear também tem como objetivo "marcar sua hostilidade" frente ao reforço dos vínculos militares entre Japao, Coréia do Sul e Estados Unidos, em particular o programa de defesa antimísseis que pode incluir futuramente Taiwan.

No plano estritamente militar, as revelaçoes feitas esta quinta-feira pelas autoridades chinesas nao surpreenderam os especialistas militares estrangeiros. "Desde o primeiro teste com uma bomba A em 1964, o programa nuclear chinês tem progredido de maneira regular, inclusive durante a Revoluçao Cultural", destacou um especialista que reconheceu que a bomba de nêutrons era "a conseqüência lógica" da bomba H. Por outro lado, Pequim nao confirmou as acusaçoes dos EUA, de que teria realizado um teste com uma bomba de nêutros em 1988.

Além da China, Estados Unidos, Rússia e França possuem a capacidade de produzir bombas de nêutrons ou bombas de radiaçao neutrônica concentrada, para destruir as concentraçoes de forças sem provocar grandes danos às construçoes.

Entre 1964 e 1996, quando Pequim anunciou sua intençao de firmar o tratado internacional sobre a proibiçao de testes nucleares, a China realizou 45 testes, contra 1.030 dos Estados Unidos, 750 da entao Uniao Soviética, 210 da França e 45 do Reino Unido.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;