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Evento reúne declamação de poemas e performance cênica e musical em SP
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30/08/2016 | 07:00
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Um evento que transita entre a declamação de poemas e a performance cênica e musical ganha sua primeira edição nesta terça-feira, 30, em São Paulo: o Em Transe - Abalos Sísmicos Literários ocorre nesta terça-feira, 30, e quarta-feira, 31, no Teatro Viga (R. Capote Valente, 1.323, Sumaré), e reúne, entre outros, Fausto Fawcett, Xico Sá, Roberta Estrela D'Alva, Mario Bortolotto e Luiz Felipe Leprevost.

O festival foi idealizado pelo jornalista, DJ e produtor cultural Eduardo Beu, criador de dois eventos semelhantes que peregrinam pela capital paulista e outras cidades: o Trovadores do Miocárdio e o Frenesia. "A falta de um espetáculo nesses formatos me motivou", diz Beu - ele diferencia a "performance literária" do sarau e do slam, eventos já tradicionais, especialmente na periferia de São Paulo. "Sarau depende muito de quem organiza, existe diferença entre ler e declamar, e não há obrigação de ter a música junto. No Abalos Sísmicos, todas as leituras têm música, a ideia foi alinhar os poemas, quase 90% deles inéditos, com as canções."

Um dos destaques desta terça-feira é a leitura de um trecho de Microcosmo - Pagu e Homem Subterrâneo, escrito pela jornalista quando ela estava presa durante a ditadura Vargas, que será combinada com Strange Fruit, canção que fez Billie Holiday ter que se "explicar" para o governo americano num momento de segregação racial.

Fausto

Na quarta-feira, 31, um dos destaques é o projeto Trovadores do Miocárdio, criado por Beu, Xico Sá e Fausto Fawcett em 2012. "O spoken word existe desde que Moisés recebeu as tábuas, mas o que acho bacana é ter as pistas, e nós estamos nas escuridões amorosas, nos entroncamentos e encruzilhadas do desejo", explica sobre o projeto. Embora tenha abandonado a bebida, Fausto é um dos mais famosos boêmios da arte brasileira do século 20, e ele carrega o fardo para o Trovadores, mesmo considerando que a boemia do novo milênio tenha perdido um pouco de seus "devaneios".

"A boemia representava catarse, aquela história de 'chegou a noite todos os gatos são pardos'. Servia para que a humanidade se despisse de suas funções utilitárias", analisa. Hoje em dia, para ele, é esse utilitarismo que domina, com exceções: "O cara sai não para curtir a poética da ideia, mas principalmente para detonar. Beber e botar para quebrar. Drogas que eram para abrir a mente, agora são para bombar o organismo. Mistura Viagra com alguma droga veterinária, aí vai numa festa da USP, tem 20 anos, nunca tomou nada e tem um baque", diz - com um humor melhor do que a frase sugere. O autor da louraça Belzebu diz que gostaria de lançar o filme sobre Kátia Flávia em 2017, quando a personagem completa 30 anos - o filme ainda está em fase de captação e pré-produção. "Vou só palpitar, ser o corregedor", brinca. Até o fim deste ano deve sair, pelo selo Encrenca, de Curitiba, o livro Cachorrada Doentia, uma espécie de continuação de Básico Instinto (1992), "sobre os fundamentalismos no Brasil".

EM TRANSE - ABALOS SÍSMICOS LITERÁRIOS

Viga Espaço Cênico. R. Capote Valente, 1.323; 3801-1843. 3ª (30), 20h. 4ª (31), 20h30. R$ 50 / R$ 90

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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