Setecidades Titulo Expedição Tamanduateí
Ações simples podem ajudar rio

Degradado, Tamanduateí seria passível de
recuperação com implantação de jardins flutuantes

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
30/06/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Ao invés de lixo flutuando, um jardim sobre as águas. Esse seria o cenário ideal e que poderia contribuir com a despoluição do Rio Tamanduateí, segundo a bióloga e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes, que coordena expedição voltada à análise do corpo d’água, em parceria com o Diário.

A especialista abordou ontem a possibilidade, durante a terceira etapa do projeto, ao ver a degradação do leito durante coleta de amostras em cinco trechos localizados na Capital, ao longo da Avenida do Estado. Os pontos situados no Grande ABC (Mauá, Santo André e São Caetano) já foram analisados e os resultados publicados pelo Diário.

A proposta mencionada pela professora, chamada de biofitorremediação, é realidade em outros lugares do mundo, como no canal Paco, em Manila, capital das Filipinas, que era o destino final de esgoto e todo tipo de resíduo. Lá, por exemplo, foram instaladas ilhas flutuantes com mais de 110 metros quadrados, compostas por plantas aquáticas cujas raízes criam habitat para micro-organismos benéficos, que ajudam a limpar a água e a degradar poluentes.

Marta ressalta que a ação é simples e de baixo custo. “As ilhas poderiam ficar a cada um quilômetro do rio, uma espécie de jangada com uma série de vegetais que absorvem a matéria orgânica que está sendo decomposta. Isso conseguiria melhorar a qualidade da água. Seria uma forma rápida e não tão onerosa para os cofres públicos, em torno de R$ 600 mil para cada jardim flutuante”, disse, lembrando que o custeio poderia ser dividido pelos municípios que têm o Tamanduateí em seu território.

“Poderia, pelo menos, ser feita experiência em algumas áreas para ver como funcionaria, mas melhoraria com certeza, significativamente. Tem espécies que fazem quebra de metais pesados, como tipos específicos de bambu ou o papiro. Mas é claro que seria necessário dialogar com a população também, porque a quantidade de lixo que vemos não veio para o rio só carregada pela chuva”, salientou.

Nos trechos percorridos ontem, a descaracterização do Tamanduateí é tanta que nem o pouco de vegetação oportunista que existe nas margens do rio no Grande ABC se encontra mais. “Só vemos um paredão de concreto, tubulações e esgoto chegando ao leito, sem vegetação nenhuma para segurar toda a poluição. A gente foi sujando, mudando o curso do rio, desalojando os bichos e plantas que estavam aqui para que nós, espécie humana, pudéssemos ocupar. É como se tivéssemos enterrado alguém vivo”, lamenta Marta.

Hoje, a pesquisadora conclui a coleta de amostras de água do Tamanduateí até o Rio Tietê, onde ele deságua, finalizando os 35 quilômetros de extensão. 




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