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Comércio espera vender 10% mais em roupas para Réveillon

Peças de menor valor têm maior saída neste fim de ano; branco predomina nas vitrines de lojas

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
29/12/2017 | 07:05
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André Henriques


Após o comércio lucrar com as vendas de Natal – que cresceram 5,2% em relação ao mesmo período de 2016, segundo balanço da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) – as vitrines ficam forradas de roupas para o Réveillon. Mesmo com muitas famílias descendo para o Litoral ou viajando para o Interior para passar a virada do ano, a melhora na confiança do consumidor e na economia faz com que os lojistas aguardem, até amanhã, vendas 10% maiores em relação ao mesmo período de 2016.

“Do movimento que temos em loja, de cada 20 clientes, entre 12 e 14 acabam comprando uma peça, como blusinhas brancas e shorts. Além disso, como sempre, muita gente acaba deixando para última hora. Espera para ver o que ganha no Natal para comprar o que falta depois”, conta Alexsandro Souza Matias, gerente da loja Segment’s Roupas Brancas, instalada no Centro de Santo André e com uma unidade em Mauá.

E, diferentemente dos últimos anos, em que o amarelo predominava nas vitrines – devido à crise econômica, muitos escolhiam a cor para atrair dinheiro no ano seguinte, conforme crendice popular –, neste ano peças brancas – que trazem paz – com renda e paetês prata têm atraído os olhares da clientela.

“Os clientes também optam por peças mais baratas, como regatas a R$ 22,90, assim como as camisetas masculinas, e bermudas por R$ 79,90. Apesar de serem brancas, são roupas trabalhadas, diferenciadas”, diz Matias.

Apesar de o ritmo de vendas desacelerar em relação ao período que antecede o Natal, Alani Amaral, vendedora da loja de moda feminina Clorofila, instalada no Shopping Metrópole, em São Bernardo, destaca que blusinhas sempre têm saída para a virada do ano. “Em média, as pessoas gastam R$ 89,90, mas as regatas a partir de R$ 29,90 costumam estar no pacote”, conta ela.

Mesmo otimista, Matias, da Segment’s, destaca que a maioria está parcelando suas compras. “Quem tem dinheiro na conta opta pelo pagamento à vista, mas muitos ainda preferem parcelar em até três vezes. Acho que o 13º salário foi mesmo para pagar dívidas”, constata.

Voltada para roupas de profissionais da área da Saúde, a loja Sonia Modas Brancas, no Centro de Santo André, mantém o movimento mesmo com as férias por conta do Réveillon. “Nesta época, a gente acaba reforçando o estoque com roupas menos ‘profissionais’ e mais festivas, com brilhos e rendas. Estamos otimistas neste ano”, conta o operador de caixa da unidade, Guilherme Cruz. “Em geral, ninguém pode gastar muito, então o visual completo escolhido pelos clientes acaba saindo entre R$ 120 a R$ 170”.

DEMOCRÁTICO - Apesar da predominância do branco para a virada, muita gente ainda prefere apostar em cores ‘alegres’ e estampas. “Essas roupas mais ‘alegres’ são reaproveitáveis. O branco, apesar de combinar legal com outras cores, acaba sendo mais ‘ingrato’ na hora de se arrumar”, aponta Alani, da Clorofila.

Cruz concorda, e diz que por esse motivo, mesmo com a Sonia Modas Brancas tendo maior oferta na cor, peças azul-marinho também podem ser encontradas.


Estabelecimentos não têm obrigação de fazer trocas

Esta semana é conhecida pela tradicional troca de presentes após o Natal. Muita gente não gosta do que ganha, ou é presenteada com roupas e sapatos que não servem. Porém, apesar de ser oportunidade para os estabelecimentos venderem um pouco mais, eles não são obrigados a fazer a substituição, a não ser que o item venha com problemas.

O Procon de Diadema recebeu nos últimos dias 50 pedidos de orientação sobre trocas de presentes de Natal. As demandas vieram de moradores, via telefone, que queriam saber com fazê-la e em quais circunstâncias teriam esse direito.

Segundo a diretora do Departamento de Assistência Judiciária e Procon, Denise Ventrici, a escolha por outro presente pode acontecer, mas depende da política de troca dos estabelecimentos comerciais. “Quando ganhamos algo, não podemos trocá-lo simplesmente porque não gostamos. O que acontece é que, no período do Natal, as lojas facilitam esse tipo de ação para não perder clientes ou por uma política de bom relacionamento. Por isso, é importante, ao fazer a compra, seja física ou on-line, verificar antes se o estabelecimento tem uma placa ou notificação avisando sobre isso, ou se o presente vem com uma etiqueta informando até quando pode se fazer essa troca”, esclarece.

EXCEÇÕES - A diretora explica que, conforme o CDC (Código Brasileiro de Defesa do Consumidor), a troca só é permitida em duas situações: por defeito ou vício.

O artigo 18 do código estabelece vício como uma falha interna do produto que o afeta e o torna impróprio para uso ou consumo; e, defeito, quando o produto fica inutilizado e pode trazer risco à saúde e à segurança da pessoa. “Neste caso, para as duas situações, a troca ou devolução do dinheiro são feitas quando o consumidor aciona a assistência técnica para fazer o conserto ou reparo, e a situação não se resolve em até 30 dias”, diz.

Denise alerta ainda que, para conserto ou reparo na assistência técnica, é necessário apresentar a nota fiscal e o termo de garantia. “Por isso, quando a pessoa for adquirir um produto, tem que pedir essa documentação para apresentá-la se for preciso.”

Para a compra on-line, segundo o artigo 49 do CDC, a norma é que o consumidor tem até sete dias para desistir da compra por arrependimento. Nesta situação, a devolução do montante é garantida.


Metade dos brasileiros vai passar a virada com trajes novos

Após a semana do Natal, os setores de comércio e serviços esperam pelos consumidores para os gastos de Ano-Novo, e uma pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) revela que os desembolsos podem ser altos.

Segundo o estudo, em média, a pretensão de gastos com viagens, ingresso para clubes, ceia e roupas novas deve ser de R$ 282,20 – valor acima da intenção de gastos em 2016, que foi de R$ 263,06; e maior entre os homens (R$ 332,31).

A pesquisa ainda mostra que 49% dos que vão comemorar a data pretendem comprar roupas, calçados e acessórios para usar na passagem de ano – uma queda de oito pontos percentuais em relação ao ano passado (57%).

O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, alerta para a importância de controlar o orçamento, ainda mais considerando a proximidade com outra festa importante. “O Réveillon acontece logo na sequência do Natal e as pessoas já terão investido na celebração – seja na ceia, seja na compra dos presentes. Então, é importante planejar as despesas e fazer as contas para saber o limite dos gastos. Afinal, não tem sentido comemorar a chegada do ano endividado ou com as finanças desequilibradas”, alerta.

A pesquisa também mostra que 84% dos consumidores já decidiram onde pretendem comemorar. A maior parte garante que o Réveillon será vivenciado em casa (27%), mas também há aqueles que pretendem viajar (12%) ou passar a virada nas residências de outros parentes (11%).

ENTREVISTAS - As entrevistas se dividiram em duas partes. Inicialmente, foram ouvidos 1.632 consumidores nas 27 capitais para identificar o percentual de quem pretendia ir às compras no Natal e, depois, a partir de 600 entrevistas, investigou-se em detalhes o comportamento de consumo no Natal.

De acordo com o SPC Brasil, a margem de erro é de no máximo 2,4 e quatro pontos percentuais, respectivamente. A uma margem de confiança de 95%.
 




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