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Sem-teto grávida briga por atendimento em posto
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
22/10/2005 | 07:35
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Após três tentativas e uma semana de espera, a sem-teto grávida Sheila Sousa de Moraes, 25 anos, conseguiu sexta-feira o primeiro atendimento médico no Posto de Saúde da Família, no Jardim Ana Maria, para iniciar - com atraso - o pré-natal na rede municipal de Santo André. Na semana passada, os funcionários do posto de saúde negaram atendimento à mulher porque ela não tinha endereço fixo para apresentar e não estar cadastrada no programa Saúde da Família. A posição da Prefeitura só mudou quinta-feira, após o Diário entrar em contato com a administração. Sexta-feira, Sheila passou por consulta e, na segunda-feira, retorna ao posto para coletar sangue.

Sheila mora em um galpão na esquina das ruas Oratório e Tobias Barreto, no mesmo bairro, com o parceiro desempregado Valdir Alexandre Pereira, 29 anos, e outros dois homens. Está no sétimo mês de gestação e ainda não fez qualquer exame do pré-natal. A sem-teto diz que no dia 14 esteve no posto de saúde e foi orientada por uma funcionária a falar com Maria de Fátima Vendramini, chefe do posto. "Fátima me atendeu e disse para retornar na segunda-feira. Fui e ela não estava. Marcaram para o outro dia, aí disseram que ela estava em uma reunião e que não tinha previsão de quando poderia me atender. Percebi que estavam me enrolando e não fui mais."

A Prefeitura confirmou que Sheila esteve no posto no dia 14 e também no dia 27 de abril, ocasião em que passou por um exame que constatou a gravidez. Segundo nota da Prefeitura, a gestante teria sido orientada a procurar outra unidade para fazer o pré-natal, uma vez que não estava cadastrada na unidade do Jardim Ana Maria, que trabalha especificamente com famílias cadastradas no Saúde da Família.

Depois que a reportagem fez contato com a Prefeitura, a diretora do Departamento de Assistência Social, Márcia Leal, disse que o casal será incluído nos programas Aluguel Social e Renda Cidadã. Na primeira situação, o casal procura um imóvel e a Administração paga o aluguel, de até R$ 200, por um período mínimo de três meses. No Renda Cidadã, a família recebe R$ 65.

O casal, na indigência há dois anos e meio, vive de bicos que faz nas ruas vendendo papelão. "Há três anos eu trabalhava como repositor de mercadorias, mas fiquei desempregado e não consegui manter o aluguel, de R$ 260, em São Matheus (capital)", disse Pereira. Sheila tem dois filhos - de outro relacionamento - Igor, 2 anos, e Joice, 3 -, que moram com a avó na favela Colonial, em São Matheus.

Os outros dois sem-teto foram orientados a procurar o serviço de atendimento social. "Se vierem, serão encaminhados para nossos abrigos", afirmou Márcia Leal.




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