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Vocação sacerdotal requer determinação

Grande ABC conta com 170 vocacionados; ideal seria pelo menos 350 para atender a demanda

Por Yago Delbuoni
Especial para o Diário
04/08/2015 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 A decisão de se tornar padre, cujo dia é comemorado hoje, exige coragem. Muitas vezes, seguir a vocação sacerdotal requer ainda a necessidade de enfrentar as reações adversas de familiares e amigos com determinação. Talvez as dificuldades para seguir na carreira expliquem a baixa de religiosos na região. São apenas 170 sacerdotes, quando o ideal seria 350, segundo a Diocese de Santo André, responsável pelas sete cidades.

Os números, destacados pelo porta-voz da Diocese, padre Tiago Silva, 35 anos, mostram a difícil tarefa de distribuir os padres pelas 99 paróquias e 250 capelas existentes na região. “Para atender melhor a população, o ideal seria que tivéssemos pelo menos um sacerdote por paróquia e capela.”

Silva mencionou que neste ano foram ordenados quatro sacerdotes. “Apesar do baixo número, a quantidade de padres formados neste ano é boa, porque a média é a formação de até dois padres no ano”, destaca.

Um dos padres mais antigos da Diocese é José Pedro Teixeira de Jesus, 58, o padre Pedrinho, da Paróquia São José Operário, em Santo André. Com 29 anos de batina, o sacerdote confessa que a decisão não foi simples. “A sociedade força que todos cumpram o mesmo ciclo, que é estudar, trabalhar, procurar alguém para casar. Eu estava trabalhando na Rolls Royce, e o meu caminho natural era fazer Engenharia. Quando decidi abandonar tudo e virar padre, meu chefe não entendeu, até me chamou de louco”, lembra.

Ele revela ainda que algumas pessoas mais próximas chegaram a pressionar para que ele desistisse da ideia. “Minha família ficou sabendo que eu seria padre quando os trâmites já estavam adiantados. As pessoas têm a ideia de que o padre fica mais distante do mundo. Na realidade, é o contrário: ficamos mais inserido no mundo”, considera.

Durante todo esse tempo de batina, padre Pedrinho destaca episódio em que precisou bater de frente com o prefeito de Santo André da época, Newton Brandão (PSDB). O ano era 1987 e, após deslizamento de terra, moradores do bairro Capuava invadiram o terreno da paróquia por não terem para onde ir. “A Prefeitura queria desocupar e não concordei. Então, o prefeito me disse: ‘Se o senhor gosta tanto deles, coloca dentro da igreja’. E então autorizei. É um fato que marcou muito. O prefeito se viu na obrigação de resolver o problema.”

Recém-formado padre, Guilherme de Melo Sanches, 26, também destaca a necessidade de se impor para seguir sua vocação. Apesar de ter sentido o desejo de ser sacerdote aos 12 anos, após ter feito a primeira comunhão, ele destaca ter tentado uma vida ‘normal’ durante a adolescência. Padre há apenas 17 dias, chegou a prestar vestibular para o curso de Direito e a ter uma namorada, mas desistiu de tudo em prol de seu sonho.




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