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Estacionar perto de faculdade é desafio

Estudantes da região destacam difícil escolha entre arcar com custo elevado de estacionamentos privados ou correr riscos ao deixar veículos nas ruas

Por Matheus Angioleto
13/02/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Estacionar o veículo perto de universidade não é tarefa fácil. Alunos se sentem entre a cruz e a espada quando o assunto é escolher a melhor opção para deixar o veículo ou motocicleta durante as aulas. De um lado, a opção é desembolsar valor até 70% maior nas mensalidades dos estacionamentos privados em relação a 2016. A segunda alternativa, a que ganha cada vez mais adeptos, é disputar uma vaga nas ruas do entorno das instituições e, com isso, correr o risco de entrar para as estatísticas criminais referentes a roubos e furtos de veículos.

Conforme os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, a região onde está localizada a Universidade Metodista, em São Bernardo, no Rudge Ramos, registrou 409 notificações de roubo de veículos e 434 casos de furto de veículos em 2016, o correspondente a uma ocorrência por dia.

A insegurança fez com que o estudante Lucas Fernandes Laranjeira, 20 anos, procurasse estacionamento mais em conta, tendo em vista que a mensalidade do utilizado no ano passado foi de R$ 70 para R$ 120 (aumento de 70%). “Provavelmente vou deixar (o carro) no que está cobrando R$ 100. Parar na rua não é uma opção, tem muito roubo de carro por aqui. A gente acaba ficando refém”, afirma, apesar de considerar o aumento do serviço privado abusivo.

Flávia Lemos, 20, também estudante da Metodista, conta que pagava R$ 60 pelo estacionamento em período integral no ano passado. No entanto, ela afirma que levou susto, na semana passada, com o novo preço da mensalidade: R$ 100. Entretanto, a jovem não considera a possibilidade de deixar o veículo na rua. “Todos (os estacionamentos)> estão com valores próximos, é um abuso, mas parar na rua é um risco”, destaca.

Na região da Faculdade de Direito de São Bernardo, no Jardim do Mar, os registros de roubo e furto de veículos foram de 311 e 397 casos em 2016, respectivamente. “Não tem policiamento por aqui. Por diversas vezes já teve caso de assaltos à mão armada”, afirma a estudante Mariana Albarelli, 21. Ela utiliza o carro para ir à instituição de ensino, mas arrisca estacionar na rua. “Uma vez, estava indo buscar meu carro com uma amiga e vimos um cara tentando abrir o vidro. A hora em que ele viu a gente, saiu correndo”, diz.

Já em São Caetano, no bairro Barcelona, onde está unidade da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), em 2016 houve 101 casos de roubo e 116 de furto de veículo. A estudante de Psicologia Luana Rosa, 24, afirma que o valor do estacionamento em que deixava o carro saltou de R$ 50 para R$ 70. “Ele fica a quatro quarteirões da faculdade é o mais barato. Comentei com o pessoal que meu carro estava na rua e me falaram que todo dia estouravam vidros. Tenho medo de ser roubada. Poucas vezes vejo policiamento.”

Marcus Régis, 22, considera o preço dos estacionamentos próximos à USCS caro, o que o motiva a estacionar na rua. “Nunca fui roubado, mas tenho uma amiga que, quando voltou para pegar o carro, viu o vidro estourado. Tinham levado tudo de dentro”, revela.

No caso de Santo André, em 2016, a área central, onde fica a Anhanguera, registrou 449 casos de roubo e 970 de furto. Por lá, o preço dos estacionamentos varia de R$ 20 a R$ 25 a diária. O estudante de Direito Antônio Paulicci, 58, reclama. “Vejo esses valores como abusivos, porque nada subiu 20%. A inflação não subiu 20%, nem o salário.”

O Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado informou, em nota, que o reajuste de preços do serviço é normal nesta época, em que empresas renovam contratos de aluguel, apólices de seguros e recebem novo IPTU. A entidade enfatizou que não interfere nos valores e não realiza reuniões com este objetivo, assim como não apoia a combinação de preços.

 

Polícia ressalta ações realizadas na região
A Polícia Militar encaminhou nota em que destaca as ações que realiza na região com o objetivo de coibir a ação de criminosos, em especial nos casos relacionados a roubo e furto de veículos. Conforme a corporação, debates entre a Polícia Militar e representantes das instituições de ensino acontecem desde o início do segundo semestre do ano passado por meio de reuniões. Em agosto de 2016, uma delas contou com a participação do Secretário de Segurança Pública.

O comando de policiamento ressaltou também que os dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo revelam que, considerando furtos de veículos, e se comparados primeiro e segundo semestres de 2016, a área correspondente à Faculdade de Direito de São Bernardo observou redução de 22,9% no crime. No caso da região da Universidade Metodista, houve redução de 16,8%. Já nos arredores da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), a redução foi de 9,8%.

“Em encontros, foram apresentadas e discutidas medidas a cargo das instituições de ensino, fator que pode se configurar como de grande valia para a melhoria das condições de segurança, a saber: melhora da iluminação no campus e no entorno; melhora do monitoramento por câmeras e realização de campanha para estimular a notificação de crimes mediante a elaboração de boletim de ocorrência (permitindo o aperfeiçoamento do planejamento do policiamento)”, diz a nota.




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