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Em greve, fóruns terão estagiários
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
31/08/2004 | 14:42
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A partir de quarta, 100 estagiários de direito vão começar a trabalhar em fóruns da capital e do interior, que estão em greve desde 29 de junho. Até o fim de outubro, segundo o Tribunal de Justiça, outros 2,9 mil serão admitidos. De acordo com o tribunal, a admissão foi decidida no começo do ano, em parceria com o Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo).

O TJ afirma que o recrutamento não está relacionado à falta de funcionários decorrente da paralisação dos funcionários. No entanto, a Assetj (Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça) não concorda. Para a associação, a medida tem o objetivo de enfraquecer a paralisação. Os trabalhadores querem 26,39% de reajuste salarial. O TJ só ofereceu 15%. A próxima assembléia da categoria está marcada para dia 8, no Centro de São Paulo.

Enquanto isso, segundo o TJ, 20 milhões de processos e 300 mil audiências estão paradas em todo o Estado. No Grande ABC, são 200 mil processos estancados. O aposentado Valdemar Rodrigues, 64 anos, e seus quatro irmãos já conseguiram comprador para a casa que receberam de herança da família, mas estão com dificuldade para firmar o negócio por conta da greve estadual dos funcionários do Judiciário. A paralisação já dura mais de 60 dias e está emperrando o processo do inventário parado no fórum de Santo André. A família está então sob risco de a venda da casa, que fica no bairro Camilópolis, ser frustrada e os irmãos não verem o dinheiro do negócio.

Para que a transação entre o interessado no imóvel e a família do aposentado possa ser concretizada, um juiz precisa homologar a partilha e expedir um alvará de venda. A advogada da família, Vera Lúcia Rodrigues Gare, entrou com o pedido no dia 19 de março. "Nós, advogados, ficamos impotentes diante da greve."

Segundo Rodrigues, o comprador já disse que se demorar mais vai procurar outro imóvel. "Ele está com pressa, quer demolir a casa para construir outra, mas tudo está parado." O aposentado conta com sua parte do dinheiro da venda da casa para dar entrada na compra de um carro para sua filha.

Pensão - A secretária M.F., 34 anos, moradora de Mauá, separada e mãe de dois filhos, de 4 e 7 anos, não consegue receber a pensão alimentícia que as crianças têm direito. Com o processo parado no fórum da cidade, ela está tendo dificuldades para manter o padrão da casa e sustentar os filhos.

"O que eu ganho mal dá para pagar as contas. Estou separada há dois anos e não recebo ajuda nenhuma do meu ex-marido. Acho que os trabalhadores têm direito de fazer a greve, só que outras pessoas não deveriam ser prejudicadas", afirma a secretária.




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