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Tumulto da decisão transforma o futebol
Divanei Guazzelli
Do Diário do Grande ABC
20/10/2001 | 00:49
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O dia 30 de dezembro de 2000 mudou a face do futebol brasileiro. A tragédia de São Januário estabeleceu uma nova ordem doméstica, sobretudo na mobilização da opinião pública, pois os avanços de organização e comando ainda são tímidos. A queda de parte do alambrado do estádio do Vasco, aos 23 minutos do segundo tempo do jogo de volta com o São Caetano, pela final da Copa João Havelange, provocou mais estragos do que se poderia imaginar.

O quadro, na seqüência do incidente, foi o de uma tarde de horrores, a pouco mais de 24 horas do novo milênio. O pânico tomou conta dos cerca de 32 mil torcedores que superlotaram São Januário, com tumulto, correria e desmaios. Cerca de 200 torcedores ficaram feridos.

Em pouco mais de uma hora e dez minutos de paralisação, a confusão foi total. O juiz paulista Oscar Roberto Godói estava indeciso entre a continuação do jogo, que estava 0 a 0, mas com o domínio ostensivo do São Caetano, e a suspensão. O então vice-presidente do Vasco, hoje presidente, o deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), queria que o campo fosse esvaziado para que a partida prosseguisse. Mas era impossível por causa da confusão e da necessidade de atendimento imediato de vários feridos. Com razão, o São Caetano não se mostrava disposto a jogar até o fim naquele sábado fatídico.

O tumulto, que o Brasil todo acompanhava pela televisão, envolveu até mesmo o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), que deu ordem expressa ao seu secretário de Segurança para determinar o cancelamento o jogo, o que ocorreu, apesar da revolta de Eurico Miranda.

A própria delegação do São Caetano viveu dificuldades terríveis, como a impossibilidade de vários de seus integrantes terem acesso ao gramado para auxiliar os feridos. Antes da decisão, mais problemas: a falta de ingressos para que torcedores e dirigentes do clube do Grande ABC acompanhassem a partida. Tanto que foram obrigados a comprar 50 ingressos da partida para conseguir entrar em São Januário.

CPIs – A tragédia de 30 de dezembro influiu até mesmo no trabalho das CPIs, da Nike (Câmara) e do Futebol (Senado), para colocar ordem no futebol brasileiro.

Nos tribunais, a disputa entre Vasco e São Caetano durou até a definição do novo jogo, a 18 de janeiro, no Maracanã. Reuniões de presidentes do Vasco e São Caetano com o Clube dos 13 e sessão do tribunal da CBF para julgar o caso marcaram as primeiras semanas do ano. O regulamento favorecia o clube do Grande ABC até mesmo com a conquista do título, pois os incidentes ocorreram no campo adversário. O tribunal determinou, porém, o jogo que deu ao Vasco (vitória por 3 a 1 no dia 18 de janeiro) o título da competição nacional mais confusa da história. E a que também esteve perto do desfecho mais catastrófico.




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