Política Titulo
Sem apoio declarado
Havolene Valinhos
Do Diário do Grande ABC
23/08/2010 | 07:12
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Nem todos admitem, mas para evitar saia-justa com o próprio partido, quando o assunto é a divisão de apoios dentro das legendas e confusão do eleitorado, alguns candidatos a deputado do Grande ABC têm evitado aparecer ao lado dos pleiteantes ao governo estadual ou à Presidência no material de campanha.

Uma das situações que mais chama a atenção é a do vice-prefeito de São Bernardo e candidato à Câmara dos Deputados, Frank Aguiar (PTB). O petebista tem forte ligação com o PT tanto da cidade quanto no âmbito nacional. Mas diante da aliança feita por sua sigla no Estado e no nível federal com o PSDB, Frank teve que pedir licença aos petebistas e não abriu mão de declarar apoio aos petistas.

Contudo, nem mesmo o aval do PTB fez com que o vice-prefeito tivesse em seu material fotos de Dilma ou de Mercadante. "Conversei com o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e o estadual, Campos Machado. Não compartilhamos do mesmo sentimento. Sou amigo pessoal do Lula. O governo vai bem e não posso ir contra." Questionado sobre o motivo de seu material não apresentar Dilma, explicou: "Para evitar problemas de fidelidade partidária, o material leva nome da dobrada, inclusive dos deputados do PT. Mas para Senador só de Romeu Tuma (PTB) e o campo de presidente fica em branco."

Embora o vereador de Santo André Gilberto do Primavera (PTB) faça dobrada com Frank Aguiar, ele diz que acatará totalmente a decisão do partido. "Não há aliança oficial, mas apoio majoritário para o PSDB. A situação de Frank de apoiar Dilma e Mercadante é uma exceção." Na hora de justificar a falta da imagem dos majoritários no material de campanha, o petebista foi pragmático. "Não sai apoio a nenhum. O apoio natural da sigla é para Serra e Alckmin, mas não fui procurado pelo PSDB."

Já o deputado estadual que busca a reeleição Alex Manente (PPS) alegou que segue os moldes do material do presidente nacional da sigla, Roberto Freire, ao negar que esteja apoiando a campanha de Dilma. "Minha campanha é padrão, pouco difere dos outros candidatos. Estou focado em minha candidatura à reeleição." E aproveitou para desferir: "Minha relação é com o PT de São Bernardo, de Luiz Marinho, e não com o nacional. Fui eleito deputado antes de Marinho."

A deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), que também busca a reeleição, ponderou que apenas cita no material individual a coligação, mas não a imagem dos pleiteantes majoritários. "A vontade do eleitor conduz nossa estratégia política. O PMDB nacional apoia Dilma, mas o PMDB estadual o Serra. Só material de dobrada acompanha o Serra."

Para cientista política da Ufscar (Universidade de São Carlos) Maria do Socorro Braga,aparecer sozinho na propaganda pode ser forma de evitar que o eleitor perceba processo distoante. "O candidato estaria divergente da coligação. Tenho visto casos de candidatos que não colocam nem legenda no material, só cores do partido." Rui Tavares Maluf, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política, acredita que no caso do majoritário se eleger, poderá cobrar no futuro apoio não prestado pelo proporcional. "Tem que pesar perdas e ganhos dessa postura."




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