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Família de Sérgio Vieira de Mello reclama justiça
Da AFP
19/08/2004 | 16:53
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A mãe do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, Gilda Vieria de Mello, e a argentina Carolina Larriera, sua companheira no momento em que ele perdeu a vida há um ano, no atentado contra a sede da ONU em Bagdá, pediram nesta quarta-feira, em Genebra, que a morte do representante especial do Secretário-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) no Iraque seja esclarecida.

"Quero um atestado de óbito. Tenho dois, mas nenhum deles é válido no Brasil porque não apresentam as provas de sua morte e estão cheios de omissões e coisas confusas", explicou Gilda Vieira de Mello, queixando-se do fato de não ter um documento que comprove que uma necropsia foi feita e as causas da morte de seu filho.

"Ainda não há nenhuma explicação sobre o que aconteceu e por que Sérgio ficou três horas esquecido nos escombros do prédio e não foi resgatado. Queria um relatório sistemático e amplo para saber o que aconteceu", declarou Carolina Larriera, que foi companheira do diplomata em seus últimos três anos de vida.

"Não é certo, como diz o atestado de óbitos, que ele morreu em poucos minutos. Eu falei com ele, e outras pessoas também falaram com ele. Ele ficou vivo três horas depois do ataque", acrescentou Carolina Larriera, acrescentando que só vai poder "virar a página" quando souber detalhes sobre o que se passou.

"Quero saber por que ele não sobreviveu, por que ele não foi retirado dos escombros", insistiu Larriera, que denunciou, além disso, ter sido afastada da investigação, apesar de ser uma sobrevivente do atentado, do qual se salvou por milagre, já que se encontrava a poucos metros do escritório em que Vieira de Mello morreu.

Larriera tinha acabado de sair de uma reunião com o brasileiro e com representantes do FMI (Fundo Monetário Internacional) quando aconteceu o atentado. "Eu estava a cinco metros de sua mesa e fui a primeira a chegar, mas me tiraram à força, só eu, com o argumento de que as mulheres deviam sair", acrescentou. Contou depois que não lhe permitiram ficar sozinha e nem preparar a bagagem e que seus pertences foram empacotados e retirados pelos funcionários das Nações Unidas. "Não quero acreditar que em uma organização que defende os ideais de paz, compreensão, isso tenha sido algo deliberado. Ou que tenha sido obra de mentes cruéis, ou uma vontade deliberada de me excluir, de me apagar. Não me deixaram nem ir ao velório, nem ao enterro do Sérgio. Quero me convencer de que isso não é verdade", desabafa.

Carolina Larriera já havia revelado ao jornal espanhol "El Periódico", na edição desta quinta, que a ONU não permitiu que ela participasse do funeral do Alto Comissário. "Não quero falar sobre mim, mas da mãe de Sérgio, já que a Organização não lhe reconheceu nenhum direito ou indenização e nem sequer lhe remeteu toda a documentação necessária", declarou a funcionária da ONU ao jornal. A mãe de Sérgio Vieira de Mello e Carolina Larriera assistiram em Genebra a uma cerimônia celebrada na sede da ONU. Sentaram-se juntas e quebraram o protocolo acendendo uma vela no estrado junto à placa em homenagem aos 22 membros da ONU mortos em Bagdá junto com diplomata brasileiro.




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