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Vereadores revogam aumento de 49%

Convocação às pressas de sessão extraordinária esvaziou plenário de Diadema; parlamentares derrubaram proposta atacando entidades

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
05/08/2015 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Com plenário esvaziado, os vereadores de Diadema vetaram ontem, de maneira oficial, a proposta de aumento salarial, que elevaria em 49% os próprios subsídios – cuja aplicação valeria a partir de 2017. O texto foi aprovado de maneira unânime no dia 16.

Na busca de evitar protestos marcados para amanhã, os parlamentares, na noite de segunda-feira, às escondidas, decidiram por realizar sessão extraordinária, com votação de projeto que derrubava a proposta que aumentaria os vencimentos de R$ 10.192,10 para R$ 15.193,27, proporcionando impacto anual de R$ 1,26 milhão nos cofres públicos.

A tática deu certo e, na manhã de ontem, o que se viu foram 15 pessoas acompanhando o debate que oficializou o recuo, em sessão que durou aproximadamente uma hora. Poucos vereadores foram à tribuna apresentar argumentos em torno da matéria que trouxe ampla repercussão negativa nas últimas três semanas. Os parlamentares reconheceram equívoco com a proposta, porém, foram taxativos em críticas às entidades que se manifestaram contrárias à propositura.

Pela oposição, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), entoou ataques à unidade da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Diadema, que publicou repúdio aos parlamentares, na ocasião em que se aprovou o acréscimo salarial para 2017.

O petista chamou a instituição de “oportunista”, mencionando interesses políticos por trás dos manifestos. “Muitos desses heróis que nos julgaram são pré-candidatos (a vereador). E no caso da OAB, gostaria de saber por que não houve protesto contra o aumento ao Judiciário (proposta aprovada pelo Senado descrevia reajuste de até 78,6% ao setor, mas foi vetada pela presidente Dilma Rousseff, do PT).”

Sem direcionar alvo, Lúcio Araújo (PV) também condenou as críticas aos parlamentares. “A Constituição nos permite fazer isso (aumentar salário) e aqui na nossa cidade não temos reajuste desde 2008. Hoje penso que poderíamos ter debatido melhor a proposta. Porém, neste movimento, o que se viu foram muitos atos ligados a projetos de candidaturas. Alguns recalcados que não têm reconhecimento algum na cidade para ser vereador”, disse.

Pelo PSB, Célio Boi evitou ataques, porém, mencionou também viés político. “O momento é de pré-campanha e, nesta fase, os ânimos ficam exaltados. Existe disposição para contestação. Porém, não vou criticar nem falar nada de ninguém. Cabe apenas o veto.”

Presidente da Casa, José Dourado (PSDB) argumentou que a convocação de sessão extraordinária ocorreu apenas por concordância dos vereadores. “A Câmara não legisla com foco em protestos. Faz para cumprir com suas atividades. Quinta-feira ou hoje (ontem) o projeto seria votado. Entendemos que seria melhor antes e por isso votamos”, pontuou.

O chefe do Legislativo ressaltou não ter “preocupação” com a decisão de moradores e entidades em manter protesto para sessão de amanhã. “A sociedade tem o direito de fazer manifesto quando achar necessário e a Casa está aqui de portas abertas para receber. Pode vir, desde que haja respeito com a instituição e os parlamentares”, ponderou. “Talvez não venham mais para protestar e sim, diante da nossa postura, nos parabenizar. Isso seria hombridade”, finalizou Dourado.

Projeto por menos cadeiras é ignorado na Casa

A proposta do líder de governo Lauro Michels (PV) na Câmara de Diadema, Atevaldo Leitão (PSDB), em reduzir de 21 para 11 o número de cadeiras no Parlamento, foi completamente ignorada pelos vereadores na sessão de ontem.

Projeto por menos cadeiras é ignorado na Casa

Depois da ampla repercussão negativa em torno de proposta de aumento nos salários parlamentares em 49%, Leitão, que exerce o mandato na condição de suplente, elaborou plano de redução no número de legisladores no município, válidos a partir do próximo mandato (2017-2020). O tucano defende que a medida proporcionará economia de R$ 750 mil mensais somente em despesa com vencimento parlamentar, além da indicação de sete assessores por gabinete.

Contudo, os atuais parlamentares não prestigiaram a proposta, que foi defendida por Leitão na tribuna, sinalizando rejeição ao texto. Eles, evitaram tecer comentários. “Percebi que não terei apoio dos vereadores daqui, mas vou persistir, indo atrás da sociedade organizada, que são os munícipes. Vou a Brasília me reunir com o deputado federal Paulinho da Força (SD), com o senador Aécio (Neves, do PSDB). Vou buscar toda articulação possível para viabilizar projeto em todo o País”, assegurou o tucano.

Há três semanas, Leitão era um dos mais enfáticos na defesa do aumento do salário parlamentar, chegando a caminhar pelas ruas da cidade com o holerite nas mãos para detalhar recebimento.

“Já pedi desculpa a toda população. Falei com os vereadores sobre a importância de se fazer algo a mais. Somente revogar por revogar cai em vala comum. Esse é um projeto solo, que achei a necessidade de elaborar, disse a eles se quiserem brilhar, venham comigo”, complementou. 




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