Conciliar a maternidade com o trabalho é um desafio para as mulheres. É essa questão que abordará a Semana Mundial do Aleitamento Materno, que começa hoje e segue até o dia 7 em 120 países. O tema da campanha 2015, definido pela Waba (Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação), é Amamentação e Trabalho: Para dar certo, o compromisso é de todos.
Com a correria do dia a dia, o doutor em Pediatria pela USP (Universidade de São Paulo) e médico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Mário Falcão, salienta que as mães, após retornarem da licença-maternidade, acabam tendo dificuldades em manter a amamentação. “Estatísticas mostram que, nos primeiros meses de vida, as mães amamentam bem e, depois, isso cai rapidamente porque poucas empresas dão licença de seis meses. O habitual são quatro meses e a criança é desmamada antes do tempo.”

A importância do leite materno deve ser trabalhada com a mulher ainda na gestação, segundo o especialista. “Ela tem de receber essa ajuda para ter consciência de que está fazendo o melhor; aí, consegue levar a amamentação no trabalho”, fala Falcão.

A confeiteira Nathalia Gastaldo, 22 anos, de São Bernardo, concebeu Abel há 40 dias e, duas semanas atrás, voltou a trabalhar. Mesmo produzindo os doces em casa, confessa que tem sido difícil conciliar o serviço e amamentar seu bebê. Mas a jovem sabe que todo esforço é válido. “O leite materno possui tudo de maravilhoso. Muitas mulheres desistem de amamentar achando que o leite é fraco, ou que tem pouco, mas o nosso corpo foi feito para isso e temos de confiar no poder que ele tem”, ressalta Nathalia.

Para as mulheres que trabalham fora, o pediatra dá dicas de como garantir o aleitamento materno. “O ideal seria que, ao menos uma vez durante a jornada de trabalho, a mãe possa ir até onde está o filho para amamentar ou alguém leve a criança até ela. Recomenda-se também que a ordenha seja feita em casa para deixar o leite para a criança, e no trabalho, para quando chegar em casa, poder usar esse leite.” O líquido deve ser refrigerado e utilizado em até 12 horas. Congelado, pode ser guardado por duas semanas.

A técnica foi muito utilizada pela supervisora de comunicação e imprensa do Sesc Santo André, Vania Saunitti Porto, 33. Com carga horária de 40 horas semanais e folgando um fim de semana sim, outro não, ela se desdobrou para amamentar a filha Iara, hoje com 2 anos e 8 meses. “Antes de retornar ao trabalho, estoquei leite materno para que ela tomasse durante o dia. No trabalho, retirava e armazenava em vidros, trazia bolsa térmica e guardava em um frigobar. Até seis meses foi dessa maneira”, conta, completando: “ Amamentar não é fornecer somente o alimento. No ato, estamos transmitindo força, confiança e paixão.”

Região tem programação para a data

Algumas cidades terão programação especial para celebrar a Semana Mundial do Aleitamento Materno.

Em Santo André, pelo quarto ano consecutivo, a Casita – Espaço de Convivência –, realiza hoje o Mamaço, evento de amamentação simultânea que vai das 10h às 12h, no Sesc (Rua Tamarutaca, 302, Vila Guiomar). Ainda na cidade andreense, a Comissão de Aleitamento Materno do Hospital da Mulher entregará cartilha explicativa e de apoio ao aleitamento materno nos estabelecimentos comerciais no entorno da unidade. O objetivo será promover e apoiar o aleitamento em todos os setores, a fim de possibilitar que as mulheres permaneçam amamentando – inclusive após o retorno ao trabalho –, além de reforçar ações junto aos empregadores para que os locais de trabalho se tornem amigos da família – ou seja, que facilitem e apoiem ativamente as mulheres trabalhadoras a continuarem a amamentar.

Em São Bernardo, na segunda-feira, às 8h, haverá no HMU (Hospital Municipal Universitário) a palestra Amamentação e Trabalho com a consultora da Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Maria José Mattar. Em seguida, será inaugurado o Cantinho da Amamentação, espaço destinado às trabalhadoras do hospital que queiram alimentar seus filhos durante o expediente e também às pacientes e acompanhantes. Na Atenção Básica, a programação comemorativa terá início no dia 7, das 8h30 às 12h, no auditório do Hospital de Clínicas Municipal, com uma oficina destinada às enfermeiras das UBSs (Unidades Básicas de Saúde.

No município de Diadema, as UBSs contam com murais abordando temas relacionados, além de distribuição de folhetos informativos e orientações diárias às mães sobre benefícios do aleitamento materno. A Prefeitura também iluminou o Monumento aos Migrantes na cor amarela, que representa o dourado, símbolo do aleitamento.