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GM e VW dão sinais de recuperação
Niceia de Freitas e
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
20/10/2004 | 09:29
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Depois de vários anos de prejuízos operacionais no país, Volkswagen e General Motors começam a vislumbrar um novo cenário. Ambas as empresas têm a perspectiva de equilibrar as contas e atingir o lucro operacional no Brasil neste ano para, a partir de 2005, voltar a ter lucro líquido.

Por ser uma empresa de capital fechado, a Volkswagen não divulga seu balanço no Brasil, apenas no mundo, mas as previsões otimistas foram feitas nesta terça pelo presidente da montadora no Brasil, Hans-Christian Maergner, em coletiva que antecede a 44ª edição do Salão Internacional do Automóvel, que será aberto ao público nesta quinta e vai até o dia 31 no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Foi sua primeira apresentação à imprensa.

Segundo Maergner, após seis anos sem lucro operacional, uma performance expressiva trará um novo quadro para as operações da empresa no Brasil. A partir do próximo ano, prevê ele, a Volkswagen deverá começar a gerar lucro em seu resultado final, o que ainda não acontecerá neste ano. O lucro operacional positivo de 2004 é referente apenas à produção de veículos. No entanto, quando somado a outras dívidas, ainda representa um resultado final negativo.

A VW perdeu a liderança em vendas de automóveis no mercado interno, mas Maergner disse que recuperá-la não é tão importante. "Estamos mais preocupados em manter a Volkswagen do Brasil no caminho para retomar a rentabilidade do nosso negócio. Só então vamos retomar nossa posição no mercado", afirmou.

O crescimento da VW no Brasil nos nove primeiros meses deste ano foi superior ao obtido pelo mercado. De janeiro a setembro, a comercialização de autos e comerciais leves da VW aumentaram 14,2%, equivalente a 233.814 unidades, contra 204.787 do mesmo período do ano passado. O mercado, por sua vez, cresceu 13,2% no mesmo período, com 1,051 milhão unidades nos nove primeiros meses de 2004, ante 928.712 do mesmo período de 2003.

"Estamos longe do recorde de produção, mas não deixa de ser uma significativa recuperação", disse o vice-presidente de Marketing da companhia, Berthold Krueger. Em participação de mercado, no mesmo segmento, o executivo comentou que a companhia conquistou neste ano 1,1 ponto de market share, subindo de 21,6% para 22,7%. Esse resultado, segundo o executivo, resulta também do lançamento do Fox, no ano passado. Nos nove primeiros meses deste ano, as vendas do compacto representaram uma participação de 6,1% no mercado total, com sete mil unidades vendidas. O modelo também foi embarcado para outros países, principalmente México, Chile e Argentina.

Em vendas externas, a Volkswagen cresceu 31% neste ano sobre o ano passado, com o embarque de 159,2 mil unidades, contra 121,5 mil. O maior mercado foi o México, que absorveu 68.456 unidades.

GM - A GM do Brasil, depois de sete anos no vermelho, também comemora o retorno do lucro operacional, já alcançado no terceiro trimestre e que deverá ser repetido no fechamento do ano. "Atingimos o break-even (lucro operacional) e reduzimos nossos prejuízos em quase 80% para, no próximo ano, atingir o lucro líquido", disse o presidente da GM do Brasil, Ray Young, também em coletiva à imprensa na terça no Anhembi.

A companhia, que tem sede no país em São Caetano, deverá crescer em vendas pelo menos 5% e passar de 333 mil veículos comercializadas no ano passado para 350 mil unidades neste ano no país. Além da liderança almejada no mercado interno, a companhia projeta crescer cerca de 25% em exportações em 2004, para um total de US$ 1,6 bilhão em vendas ao exterior. O montante corresponde de 20% a 25% do faturamento total, segundo o vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto. A empresa exporta para 40 diferentes mercados.

Mas, para retomar o caminho do crescimento, as montadoras reivindicam do governo apoio para a expansão do mercado interno de veículos. Há poucos dias, os representantes das companhias estiveram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Tivemos uma boa conversação com o presidente Lula. Falamos da importância do crescimento do mercado doméstico", disse Young.

O presidente da Volkswagen no Brasil disse que, além de um programa de reestruturação, também se faz necessária uma política setorial que possa dar fôlego ao mercado interno, "e que possa garantir o acesso dos brasileiros a carros mais modernos, seguros e menos poluentes, porém pagando menos impostos e juros mais baixos", acrescentou.




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