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Ladrões invadem de dia creche em Santo André
Por Bruno Ribeiro
Especial para o Diário
13/08/2005 | 08:25
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Três homens invadiram a creche municipal República Italiana, no Jardim Santo Alberto, em Santo André, no início da manhã de sexta-feira, quando 140 crianças eram atendidas. Seis funcionárias que estavam na secretaria foram obrigadas a dar dinheiro a um dos assaltantes, e depois ficaram trancadas na sala à espera de socorro. Os professores, apavorados, permaneceram nas salas de aula com as crianças enquanto os criminosos ameaçavam as funcionárias da secretaria. Os bandidos conseguiram escapar antes da chegada da Guarda Municipal. Integrantes da corporação que atenderam a ocorrência, o dispositivo instalado pela Prefeitura para emergências dessa natureza – o chamado botão do pânico – não funcionou no momento da ação. A Prefeitura não confirma essa informação.

Segundo contaram as funcionárias que ficaram trancadas, a ação toda aconteceu em menos de 20 minutos. Por volta das 9h, dois dos homens entraram e ficaram na porta da creche, enquanto um terceiro chegou até a secretaria. "Eles estavam bem vestidos, tinham boa aparência, mas estavam visivelmente drogados, muito agitados. O que entrou na secretaria pedia dinheiro e ameaçava atirar em nós caso não obedecêssemos", disse umas das funcionárias. As vítimas disseram que o criminoso não chegou a mostrar a arma, mas gritava e dava murros na porta o tempo todo. "Acho até que eles nem estavam armados, mas nessas horas a gente não pensa nisso", completou a funcionária. Após dar o dinheiro e celulares, as seis funcionárias foram trancadas na sala, de aproximadamente 8 m². Só saíram com a chegada da Polícia Civil.

O cabeleireiro Waldir Rocha, pai de uma aluna da creche, estava no local no horário da invasão por conta de uma reunião marcada com alguns pais em uma das salas de aula. Ele disse que os bandidos fizeram muito barulho, o que chamou a atenção de todos, que ficaram assustados. Os bandidos, no entanto, não chegaram a entrar em nenhuma sala de aula.

Ao ouvir o barulho das sirenes das viaturas da Guarda Civil e ver homens da corporação pelos corredores, pais e professores começaram a sair da creche com as crianças. "Foi um susto enorme. Mas, no fim, foi só sapato perdido por causa da correria e muito choro".

O professor de educação infantil Sidney Aparecido estava com alunos entre um e dois anos de idade quando percebeu a ação. "Os professores começaram a avisar discretamente uns aos outros sobre a invasão. Fechei a porta da minha sala e fiz uma roda com as crianças e comecei a passar músicas para elas. Expliquei que a polícia viria fazer um trabalho na creche e que era para todos ficarem calmos. Na hora, uma das classes estava no parquinho da creche. Só saímos da sala quando a Guarda Municipal chegou", disse.

A creche ficou cheia de curiosos no momento da chegada da Guarda. Mães de alunos vinham retirar seus filhos, assustadas com a movimentação policial e aflitas pela falta de informação a respeito das crianças. Uma das mães disse que pouco antes de entrar na creche, os invasores teriam ido até um salão de cabeleireiros nas proximidades pedindo dinheiro. "Eles diziam que seu carro estava sem gasolina e precisavam abastecer, mas tinham esquecido a carteira". Não há informações se o grupo estava realmente de carro ou a pé.

Uma Guarda Municipal presente na operação informou que os primeiros guardas civis que chegaram à creche não conseguiram encontrar os invasores. Eles trataram de evacuar o prédio para fazer a averiguação em busca dos criminosos, que não foram encontrados. Segundo informações do 5º DP de Santo André, que registrou a ocorrência, até o fim da tarde não havia suspeitos da invasão.

Botão do pânico – Vários guardas municipais presentes no local procuram a reportagem para relatar que o sistema de emergência da Prefeitura não teria funcionado durante a ação, e que a empresa responsável por esse sistema só soubera da invasão quando os guardas a contataram.

Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura informa que o alarme acionado pelo botão do pânico foi recebido no comando da Guarda Municipal às 8h53. Como dois minutos depois os guardas municipais já estavam no local, não houve tempo de passar a informação do acionamento do alarme para os guardas em campo. A Prefeitura destacou que não é possível os guardas em patrulhamento saberem se o botão do pânico foi acionado ou não, pois o aviso é encaminhado para a central da GCM, e não diretamente para as viaturas. A Prefeitura informa ainda que as câmeras de segurança que estavam em funcionamento filmaram a ação dos invasores. As imagens serão encaminhadas à polícia.




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