O desenvolvimento de qualquer atividade precisa obedecer a vários critérios para poder chegar a bons termos. Desajuste em qualquer uma das partes envolvidas resulta na sobrecarga de todo o sistema e, com o tempo, torna-se grande a probabilidade da ocorrência de colapso.

No sistema público de transporte, esse desarranjo é observado na questão das gratuidades. Não as que são designadas aos que realmente têm necessidades de contar com o benefício, mas sim àquelas concedidas sem parâmetros, em certos casos até ocasionadas por documentos fraudados, que acarretam aumento no custo total e incidem sobre o valor da tarifa que é cobrado de todos os demais passageiros.

São Caetano lidera o ranking das gratuidades em nossa região. Na cidade, 40% dos usuários de transporte possuem algum tipo de benefício e não pagam passagem. Em Santo André, o número dos que têm passe livre chega quase a 30%. Os percentuais são semelhantes em São Bernardo e Diadema, o que obrigou os prefeitos das duas cidades a realizarem pente-fino para verificar quem precisa contar com a benesse e cancelar dos que não têm direito.

A viagem ‘de graça’ sempre tem um custo. Parte é paga pelo poder público, por meio de subsídios, que nada mais são do que dinheiro do contribuinte. A outra é compartilhada entre os demais passageiros.

A equação que define o preço da tarifa leva em conta despesas fixas, como combustíveis, impostos, salários dos motoristas e demais trabalhadores, entre outras. A soma de tudo isso é rateada entre aqueles que utilizam os coletivos. Logo, com um número cada vez mais elevado de pessoas passando livremente pela catraca, a parcela a ser paga por todos os outros será maior. Por outro lado, a diminuição tem como tendência reduzir o valor cobrado.

É consenso que não existe viagem gratuita. Se alguns não são tarifados, o excedente sobra para os demais. É necessário equilibrar a balança, sob risco de em médio prazo essa conta não fechar.