Cultura & Lazer Titulo
Justa homenagem a Jeronimo Soares
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
05/08/2004 | 01:37
Compartilhar notícia


Um prêmio no Salão Paulista de Arte Contemporânea (1977), um elogio de Jorge Amado e, agora, uma homenagem no centro cultural de seu bairro. “Para um paraibano é muita coisa”. Essa é a reação, humilde e bem-humorada, do merecedor de tamanho reconhecimento: o xilogravurista Jeronimo Soares, 69 anos, morador de Diadema há 12. Homenagem a Jeronimo Soares – Um Gravador Popular é o evento que começa nesta quinta, às 19h, e segue até 31 deste mês, no Centro Cultural Canhema, com a participação de cerca de 80 artistas.

As obras de Jeronimo já figuraram em várias exposições – até no exterior –, ilustram capas de livros, CDs e folhetos de cordel. Mas nunca foram reunidas em uma mostra exclusiva, uma individual. O Núcleo de Cordel de Diadema foi além e fez de Jeronimo o símbolo de um evento que tratará do universo da cultura popular brasileira.

“É merecidíssimo. Ele dedicou a vida inteira à gravura de cordel”, diz o ator César Obeid, produtor do Núcleo e curador da exposição. Jeronimo começou a fazer xilo na Paraíba, aos 12 anos, motivado pelo pai, o poeta José Soares. Veio para São Paulo em 1972 e conseguiu sobreviver de sua arte.

Jeronimo também é sanfoneiro e, por isso, a gravura quase perdeu um de seus mestres. “Em determinada época eu me dediquei à sanfona. Queria ter uma profissão só”, conta Jeronimo.

Mas ele foi reanimado por uma declaração do escritor baiano Jorge Amado (1912-2001): “Jeronimo Soares é um dos mais notáveis gravadores populares do Brasil. Suas madeiras para capas de folhetos de cordel são de real beleza, poderosas e poéticas”, diz um trecho do texto de Amado, escrito em 1977 e reproduzido no catálogo da exposição em Diadema, editado por Ricardo Amadasi.

Na abertura do evento, às 19h desta quinta, César Obeid apresenta o cordel que escreveu sobre Jeronimo especialmente para esta ocasião. O paulistano Obeid não é um autêntico artista do gênero em questão, encaixa-se na linhagem de recriadores da cultura popular.

A agenda prevê ainda o lançamento do livro Com o Pé Direito na Frente, do cearense Moreira de Acopiara, também morador de Diadema; apresentação do mestre de mamulengo Valdeck de Garanhuns; shows de repentistas e aboiadores, como Passo Preto; e debate com o pesquisador uruguaio Ernesto Donas e o cordelista Cícero Pedro de Assis.

O Centro Cultural Canhema é onde funciona há cinco anos a Casa do Hip Hop, cujos freqüentadores terão uma boa chance de ter contato com a arte do imaginário popular. “A cultura popular é a base para muita coisa, até mesmo para o hip hop”, afirma a coordenadora do espaço, Maria Láudia de Oliveira.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;