Economia Titulo Fim de ano
Antecipação do 13º deixa 354 mil aposentados sem abono na região

Parcelas foram pagas em maio e junho para tentar atenuar a crise causada pela Covid-19

Wilson Moço
do Diário do Grande ABC
29/11/2021 | 00:44
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André Henriques/ DGABC


Assim como já aconteceu em 2020, aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ficarão sem abono neste fim de ano, já que o governo federal antecipou o pagamento das duas parcelas do 13º salário, com liberação dos valores em maio e junho, como forma de tentar atenuar as dificuldades financeiras decorrentes da pandemia da Covid-19. No Grande ABC, cerca de 354,5 mil beneficários nas sete cidades, conforme os últimos dados disponíveis, não terão o dinheiro extra para as despesas do fim de 2021 e início de 2022.

A expectativa desse público era a aprovação do projeto de lei nº 4.367/20, que prevê o pagamento do abono salarial em dobro, chamado de 14º salário, que na semana passada recebeu aval da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. No entanto, a proposta ainda precisa passar por análise da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) na casa e, caso receba parecer favorável, seguirá para o Senado. Se ali também for aprovada, vai para sanção do presidente da República. Na melhor das hipóteses, a parcela seria paga em março.

“A gente não conta com esse abono para este ano, porque ainda tem um longo caminho para que o projeto seja de fato aprovado. Essa ajuda demorou demais, pois já deveriam ter dado no fim do ano passado (o 13º também foi antecipado), nem que fosse pelo menos metade do salário mínimo (hoje em R$ 1.100). Em dezembro, a maioria dos aposentados estava quase passando fome, porque muitos tiveram de ajudar filhos que ficaram desempregados, e agora não será diferente”, lamenta o presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Isaías Urbano da Cunha, 81 anos.

A proposta que tramita na Câmara prevê o pagamento de uma parcela em 2022 e outra em 2023, no valor máximo de R$ 2.200. Caso o governo aprovasse abono no valor de um salário mínimo para este fim de ano, os 354 mil aposentados das sete cidades receberiam R$ 389,4 milhões. Apesar de o projeto apontar uma quantia maior, o dirigente da associação é cético. “Como vai chegar campanha eleitoral, pode até ser que aprovem alguma coisa como um salário mínimo para cada beneficiário, quem sabe para pagamento em março. Infelizmente, eles (políticos) estão olhando mais pelo lado político do que pelo lado da necessidade dessa população sofrida.”

Morador do bairro Homero Thom, em Santo André, e metalúrgico aposentado na Cofap, Isaías Urbano lamenta a situação de beneficiários do INSS que, segundo ele, vendem balas e outros produtos nos semáforos para ajudar na renda. Mas aponta, como mais grave, o fato de outros cujo benefício não tem sido suficiente sequer para o básico. “Sei de vários aposentados que ficam ali perto do Bom Prato (Centro de Santo André) pedindo uma ajuda para poder almoçar. É muito triste.”

Também lamenta a falta de atenção da classe política: “Politicamente a gente não tem força. Então, o que podemos fazer é cobrar os políticos, pedir que olhem com carinho para quem já fez tanto pelo Brasil e ficou esquecido, principalmente nesta pandemia, quando a gente mais precisou.” 




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