A oitava audiência do julgamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein foi encerrada na tarde deste domingo no Alto Tribunal Penal do Iraque, e a próxima sessão foi marcada para quarta-feira, 1º de fevereiro.

A audiência deste domingo foi marcada por uma série de bate-bocas entre o novo juiz Rauf Rachid Abdel Rahmane, que mostrou firmeza, e os quatro principais acusados, entre os quais Saddam Hussein, que foram expulsos do tribunal com os advogados da defesa.

"Quero sair da sala", declarou Saddam, ao que o juiz respondeu: "Vá". "Dirigi o país durante 35 anos e você me ordena a sair", contestou o ex-presidente iraquiano. O juiz rebateu: "Eu sou o juiz, você é o acusado e deve me obedecer". Enfurecido, o ex-ditador atacou: "Você é iraquiano. Não pode me dar ordens neste tom. Eu o governei durante 35 anos".

Depois do bate-boca entre os dois lados, o ex-ditador abandonou a sala escoltado por funcionários do tribunal.

Durante a audiência, duas mulheres prestaram depoimento sobre as torturas e os maus-tratos cometidos contra os habitantes das aldeias xiitas de Dujail, ao norte de Bagdá, após um ataque contra um comboio do ex-presidente em 1982.

O julgamento é presidido pela primeira vez por Abdel Rahman, depois de várias semanas de adiamentos e de polêmica sobre a independência dos juízes e a credibilidade do tribunal.

O juiz curdo Rizkar Amin, que presidia as audiências desde o início do julgamento em outubro do ano passado, pediu demissão depois de ter sido criticado pelos dirigentes políticos por sua suposta falta de firmeza com os acusados. As críticas foram denunciadas pela defesa como um ataque à independência da justiça.

O novo juiz, que também é curdo, será observado com atenção e já começou bem aos olhos dos que desejam mais rigor. Nascido em 1941, ele é natural da cidade de Halabja, que em 1988 foi bombardeada com armas químicas pelos homens de Saddam.