Com 80% de seus moradores classificados na faixa número 2 do IPVS (Índice Paulista de Vulnerabilidade Social), São Caetano pode ser considerada uma grande ilha de privilegiados no Grande ABC. O estudo mostra que a população carente é tão pequena na cidade que, nos quesitos de risco social médio, alto e muito alto, há um traço na tabela. Realidade muito diferente de Mauá, que, em porcentagem, é a maior concentradora de gente "muito vulnerável" – são 15% que dependem de serviços públicos de saúde, lazer, transporte e educação. Rio Grande da Serra está em segundo lugar – de baixo para cima – com 13% de excluídos.
Em Diadema, só 2,5 mil pessoas podem se considerar muito bem de vida, 0,67% da população. Na cidade, tomada por áreas invadidas e favelas recém-urbanizadas, metade dos moradores se equilibram na corda bamba para sobreviver: é a classe média baixa e os não tão pobres, que não foram privados de todos direitos básicos, mas dificilmente se livram da imobilidade social. Estudaram, mas não o suficiente para um emprego de alto nível. Estão na faixa 4 do IPVS, de média vulnerabilidade. Santo André e Ribeirão também concentram boa parte da população nesse meio termo.
Para incluir as 200 mil pessoas na roda-viva do desenvolvimento, a região precisa apostar em iniciativas que, a longo prazo, possam reverter o caos sem causar grandes abalos nos outros 150 mil. Demora, mas resolve, de acordo com o economista Sinésio Pires Ferreira, um dos coordenadores do estudo que estabeleceu o índice da Fundação Seade. "Só políticas a longo prazo podem quebrar o círculo vicioso. Mais do que iniciativas isoladas, os programas precisam se integrar. Assistencialismo imediato não dá."
O desafio para a região é maior porque trata-se de um pólo de atração populacional, por ser bastante industrializado. "Regiões ricas são assim. Concentram muitos pobres em áreas urbanas, que chegam em busca de emprego. E vão se acumulando. Talvez no interior vivessem bem melhor com a mesma renda, porque o custo de vida na Região Metropolitana é altíssimo."
Em Rio Grande e Mauá, os recordistas de vulnerabilidade, o primeiro passo encontrado pelas prefeituras foi o mesmo. Ambas investiram no cadastro único para traçar políticas mais eficientes de inclusão. "Dependemos muito de recursos federais porque nosso orçamento é muito baixo. Mas investimos muito em capacitação profissional", afirma a secretária de Ação Social e Cidadania de Rio Grande, Célia Regina Migliani.
Em Mauá, o desafio dos últimos anos foi a de regularizar as áreas invadidas, como Jardim Zaíra e Oratório. "Começamos da estaca zero. O importante, agora, é usar o cadastro único para balisar iniciativas em conjunto", afirma o secretário de Assistência Social e Cidadania, Sebastião Marcial Sobrinho.
Em São Bernardo, o município estuda a implementação de um software que informatize o cadastro dos usuários dos programas sociais. "Vai ficar mais fácil cruzar os dados. Vamos otimizar nossa ação", explica a assessora para Políticas Sociais da Prefeitura, Marlene Zola.
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