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Para o PCdoB, até o passado é imprevisível. Na luta para livrar o ministro dos Esportes, Orlando Silva, das

Carlos Brickmann
23/10/2011 | 00:00
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Para o PCdoB, até o passado é imprevisível. Na luta para livrar o ministro dos Esportes, Orlando Silva, das acusações que lhe foram feitas, o partido delirou: no programa partidário para TV, tratou a História como massinha de moldar.

De repente, citam Luiz Carlos Prestes, Niemeyer, Drummond como grandes nomes do partido. Prestes, líder do PCB, linha russa, era inimigo do PCdoB, linha chinesa. Quando a União Soviética denunciou os crimes de Stalin, seu antigo ditador, Prestes e Niemeyer aceitaram as denúncias (Drummond já nem era comunista); o PCdoB ficou fiel a Stalin, rompeu com o PCB e mudou de nome.

Na época da ditadura, havia comunistas do PCB e do PCdoB na prisão. Quem falasse com o pessoal do PCdoB não era aceito para diálogo com a turma do PCB. Era esse o nível da inimizade, o tamanho da divergência: os heróis de um partido eram os que o partido inimigo considerava traidores.

Não, não houve erro ao recontar o passado. Houve manipulação deliberada, porque os dirigentes do PCdoB sabem melhor do que todos o que foi sua luta com o PCB. Houve uma tentativa de buscar para o partido os nomes históricos que, supõe o PCdoB, lhe dariam maior respeitabilidade. Tanto em russo, a língua preferida do PCB, como em chinês, o idioma do PCdoB, isso se define numa palavra extremamente precisa: falsificação. Se é desse jeito que pretendem salvar o ministro Orlando Silva, é melhor já ir pensando no nome de seu substituto.

Aliás, o PCdoB esqueceu Roberto Freire, que dirigiu o PCB. Discriminação?

Mexendo geral

Em tempo: o PCdoB só exacerbou uma tendência da maior parte dos políticos brasileiros. Não faz muito tempo, Marta Suplicy chamava Maluf de "nefasto"; nas eleições seguintes, ele a apoiou. Maluf e Lula se odiaram enquanto foi conveniente para os dois. Lula chamava Sarney de ladrão e fez o possível para desmoralizar Collor, antes de chamá-los para ser seus aliados. Serra e Fernando Henrique fundaram um novo partido porque, segundo diziam, não aguentavam conviver com Quércia - que, ao lado de Fernando Henrique, apoiou Serra para a Presidência.

Aliás, lembra que Sarney começou na política pela esquerda?

Bola de cristal

No Brasil, é mais fácil prever o futuro do que o passado. Tão logo, em 2007, se decidiu que a Copa seria por aqui, quem não previu que iriam botar a mão?

Os mais iguais 1

O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Roberto Bedran, pediu ao Governo paulista que crie o cargo de delegado especial para cuidar de ocorrências policiais que envolvam magistrados. Todas as ocorrências, sejam quais forem. Como diria Lula, são pessoas incomuns.

Os mais iguais 2

Rodson Lima, PP, vereador em Taubaté, SP, postou mensagem na Internet dizendo que leva "uma vida de príncipe, hospedado em hotel cinco estrelas, com uma big duma piscina e de frente para o mar, tudo pago com dinheiro público". Está no Facebook, com data de 20 de outubro. Rodson Lima também falou na TV Vanguarda de São José dos Campos, SP, da Rede Globo: "Vivo a vida de príncipe há 15 anos. Dois motoristas, assessores, celular, assessoria jurídica, gabinete com ar condicionado... Inclusive até postei assim: engenheiros que são formados por Harvard, Yale, Michigan não desfrutam disso que eu desfruto. É muita honra que o povo me dá".

Réu de 14 processos, não pode disputar a reeleição, pela Lei da Ficha Limpa. Mas quer que seus filhos entrem na vida pública.

Nosso papel

É importante lembrar que Rodson Lima não conseguiria levar sua vida de príncipe se não tivesse eleitores. A culpa não é da lei, é de quem vota nele.

Boa notícia

Sabe aquela chatíssima execução do Hino Nacional antes de qualquer jogo de futebol? Pois em Porto Alegre isso acabou: a Câmara dos Vereadores decidiu que o Hino será obrigatório apenas nos jogos da Seleção, ou contra clubes de outros países. A execução do Hino gaúcho, hoje obrigatória, passa a ser facultativa.

Ótima notícia

O Superior Tribunal de Justiça determinou que o banco HSBC pague R$ 30 mil, por dano moral, a uma pessoa que ficou por dez minutos retida na porta giratória de uma agência. O dano moral foi provocado pelo vigilante, que fez piada com a vítima, e o gerente do banco, que disse que a pessoa "tinha cara de vagabunda".

O travamento da porta, diz o relator do processo, ministro Luís Felipe Salomão, citado pelo Espaço Vital (www.espacovital.com.br), ótimo portal jurídico, é mero aborrecimento e não causa dano moral. Mas, no caso, além de ter sido humilhada pelos funcionários, a vítima foi revistada por um PM, que nada encontrou, e mesmo assim foi impedida de entrar na agência.

Onde está o ovo?

Toda essa discussão a respeito dos royalties do petróleo do pré-sal talvez seja um pouco fora de tempo. Não seria melhor, primeiro, começar a extrair o óleo?




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