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Sociedade nao aceita recasamentos, afirma psiquiatra
Por Do Diário do Grande ABC
27/08/1999 | 17:23
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A sociedade ainda nao aceita muito bem os chamados "recasamentos" (situaçao em que uma pessoa se separa do primeiro cônjuge e se casa novamente, formando uma nova família), o que pode causar sérios problemas psicológicos aos envolvidos. O tema foi debatido nesta sexta-feira pela psiquiatra americana Monica McGoldrick, especialista em terapia familiar, no II Simpósio Internacional de Terapia Familiar Sistêmica, que está sendo realizado na cidade.

"Nossas instituiçoes sociais nao compreendem e nao aceitam as novas famílias que se formam com os recasamentos", disse Monica. "Muito embora os novos casamentos sejam comuns nesta sexta-feira em dia, a sociedade ainda é estruturada de forma a acreditar na indissolubilidade das primeiras unioes". Na avaliaçao da especialista em terapia familiar, essa nao-aceitaçao cria problemas para os envolvidos, principalmente as crianças, que se sentem "anormais". "Em muitos casos, nao existem nem palavras para designar as novas relaçoes de parentesco, o que deixa as crianças em situaçoes embaraçosas", afirmou Monica.

"Os pais do padrasto de uma criança, por exemplo, sao o que dela?" As crianças também enfrentam problemas em casa, no convívio com irmaos postiços, padrastos ou madrastas. Na avaliaçao da psiquiatra, as madrastas sao muito cobradas socialmente. "A sociedade espera que ela cumpra um papel de mae o que nao é justo", disse. "Nao é porque uma mulher se apaixona por um cara que, necessariamente, vai amar os filhos dele".

Violência - Monica citou pesquisas realizadas nos Estados Unidos segundo as quais os índices de violência, abuso sexual e incesto sao muito mais altos em situaçoes de recasamento do que nas primeiras unioes. "Há uma falta de preparo das pessoas para lidar com essa nova situaçao", constata. "O conselho que damos a padrastos e madrastas é que nunca tentem assumir os papéis de pai e mae, mas sim de um tio ou um vizinho".

Para ela, os pais biológicos devem assumir integralmente a responsabilidade pelos filhos, cabendo ao novo cônjuge um papel secundário. Na palestra de nesta sexta-feira, a psiquiatra falou também da importância, para a terapia familiar, dos genogramas - espécie de árvore genealógica que busca conhecer o comportamento e as relaçoes dentro da família, estudando coincidências de datas, profissoes, perdas, entre outros acontecimentos. Segundo Monica, a influência da história familiar se nota por até quatro geraçoes. "Nao se pode estudar um caso isolado", afirmou. "Tudo faz parte de uma história maior".




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