Setecidades Titulo
Novo reitor da Fundação terá que superar crise
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
26/10/2009 | 07:00
Compartilhar notícia
Ari Paleta/DGABC


O Centro Universitário Fundação Santo André ainda sente os reflexos da crise que atravessou no ano passado. Os quatro candidatos a reitor são unânimes ao afirmar que um dos maiores desafios da nova gestão será equalizar os problemas financeiros.

As eleições estão marcadas para a semana entre 3 e 7 de novembro. O resultado deve sair no fim do mês. Os nomes dos três mais votados são levados ao prefeito Aidan Ravin, que escolhe o próximo reitor. O pleito será o primeiro após o escândalo em que se envolveu o antigo reitor, Odair Bermelho. O Ministério Público o acusa de fraudar notas fiscais e forjar um seminário educacional para desviar verbas da instituição. No mesmo processo, o antigo pró-reitor de administração, Paulo César Rosa, e o ex-auditor, Afonso Rodrigo de David, são acusados.

Para os alunos, a falta de verba não é o maior problema. O Diário ouviu estudantes, funcionários e professores sobre a situação do centro universitário. Reciclagem de professores, falta de equipamentos nos laboratórios, acessibilidade para deficientes e falta de vagas no estacionamento foram alguns dos assuntos abordados.

Das queixas, saíram cinco perguntas para os candidatos, todos com títulos de mestrado e doutorado, além de histórico profissional ligado à Fundação. Os principais trechos das entrevistas estão reproduzidos abaixo.

****************************************

‘Queremos que a Fundação volte a ser um centro de referência'

DIÁRIO - Qual o seu principal objetivo se for eleito?
IBERÊ LUIZ DI TIZIO - Queremos que a Fundação volte a ser um centro de referência e que prepare os melhores alunos. Nosso grande problema é financeiro, devido a administrações amadoras.

DIÁRIO - Prevê a requalificação dos professores?
IBERÊ - À medida que saem novas tecnologias, à medida que saem novos cursos, novas abordagens, é óbvio que o professor tem que ser reciclado. E o nosso programa contempla esse tipo de coisa: participação em congressos, seminários, cursos. É disso que depende uma posição que nós queremos: de excelência e referência na região.

DIÁRIO - Como melhorar o uso dos laboratórios?
IBERÊ - Quando foram montados, os laboratórios da Faeng (Faculdade de Engenharia) eram os mais atuais. Alguns já ficaram ociosos. E aí é uma questão da diretoria da faculdade. Nossa linha é de dar autonomia às unidades. Cada diretor sabe como usar seu orçamento.

DIÁRIO - Como dar acessibilidade aos prédios?
IBERÊ - Toda a estrutura ali é da Prefeitura. A gente não tem autonomia para fazer grandes modificações. Na verdade, o que precisaria é de elevador. Vamos discutir orçamento do ano que vem como orçamento participativo.

DIÁRIO - Qual a solução para a falta de vagas no estacionamento?
IBERÊ - Uma das coisas simples de resolver e que trará benefício imediato, sem custo adicional, é fazer mão única e fechar a rotatória. É importante mexer na segurança também. Entendo que é urgente encontrar uma saída conversando com a Guarda Municipal.

****************************************

‘Seria interessante rever o plano de carreira dos professores'

DIÁRIO - Qual o principal objetivo se for eleito?
MURILO ANDRADE VALLE - A integração. Nosso chavão é descentralizar decisões e centralizar informações, garantindo o controle e a transparência. Vamos fortalecer os órgãos colegiados. Espero também fazer um orçamento participativo. Outro grande desafio é equalizar a questão financeira. Pensamos em buscar parcerias de empresas.

DIÁRIO - Prevê a requalificação dos professores?
MURILO - Hoje, a Fundação tem um programa bem- sucedido disso. Tem que otimizar e dar mais condições aos professores. Também queremos debater questões que envolvem a relação professor/aluno. Seria interessante rever o plano de carreira dos professores para incentivar a titulação,
mestrado ou doutorado.

DIÁRIO - Como melhorar o uso dos laboratórios?
MURILO - Uma das ideias é que os recursos aqui da Faeng (Faculdade de Engenharia) sejam de todo o Centro Universitário. Tem equipamentos na Faeng que alunos de Química, por exemplo, não possuem.

DIÁRIO - Como dar acessibilidade aos prédios?
MURILO - Essa é uma questão essencial. Além de ser uma questão legal. Tem que ter um elevador. Temos que fazer um bom estudo e investir nisso.

DIÁRIO - Qual a solução para a falta de vagas no estacionamento?
MURILO - O espaço do estacionamento será sempre pequeno. Temos que criar mecanismos para o aluno vir com outros tipos de condução. Pode ter uma linha de ônibus exclusiva para estudantes no horário de pico. Vamos ver junto às empresas de ônibus se há condição para isso. Outra proposta é limitar o acesso. Se não cabe mais carro, não entra mais.

****************************************

‘Os laboratórios estão abandonados há muito temo'

DIÁRIO - Qual o principal objetivo se for eleito?
ODUVALDO CACALANO - A continuidade. Vamos cumprir nossa responsabilidade social no atendimento a demandas da nossa comunidade. Queremos criar um setor especializado em captação de recursos externos. Fizemos parcerias com empresas e associações para dar 10% de desconto aos alunos provenientes desses locais. Propomos a duplicação da biblioteca e aumento do acervo. O problema é que a gente herdou, em vez de captação de recursos, captação de dívidas. Mas, é contornável.

DIÁRIO - Prevê a requalificação dos professores?
ODUVALDO - Uma das nossas metas seria não só a reciclagem, mas a titulação. Isso envolve dinheiro, tempo. E é possível buscar parcerias. É um pensamento para toda instituição que pretende ser universidade.

DIÁRIO - Como melhorar o uso dos laboratórios?
ODUVALDO - Já estamos vendo isso. Os laboratórios estão abandonados há muito tempo. Quase perdemos os robôs. Tinha laboratório que não funcionava por falta de tomada. Equipamentos que custaram caro estavam encostados lá.

DIÁRIO - Como dar acessibilidade aos prédios?
ODUVALDO - O prédio foi tombado sem que isso fosse resolvido. Mas estamos trabalhando nisso, até porque é lei. Algumas rampas a gente já tem.

DIÁRIO - Qual a solução para a falta de vagas no estacionamento?
ODUVALDO - Temos que abrigar milhares de veículos aqui dentro. E não é possível expandir o estacionamento. O que a gente estuda é colocar um guarda de trânsito para monitorar. Uma ideia é de favorecer o fluxo dos veículos. O camarada entra de um lado e sai do outro.

****************************************

‘A gente criou a figura dos pesquisadores colaborativos'

DIÁRIO - Qual o seu principal objetivo se for eleito?
SÔNIA MARIA PORTELLA KRUPPA - Nossa prioridade é graduação. Tem que pensar atividades que envolvam a comunidade, como geração de trabalho e renda. E tem que buscar, com parceiros, recursos para pesquisa. Nossa situação financeira é grave, mas é possível superar isso.

DIÁRIO - Prevê a requalificação dos professores?
SÔNIA - Muitos professores que se titularam aqui já saíram. Acho que a gente tem que chamar todos eles. Minha proposta é criar o selo Eu apoio a Fundação Santo André. A gente criou a figura dos pesquisadores colaborativos. Esses parceiros podem compor grupos de pesquisa com professores da casa para disputar recursos em agências de fomento.

DIÁRIO - Como melhorar o uso dos laboratórios?
SÔNIA - Há um problema quanto aos laboratórios. Tem que garantir que toda matéria que usa o laboratório tenha professor.

DIÁRIO - Como dar acessibilidade aos prédios?
SÔNIA - Um problema é o banheiro. Se a gente mantiver banheiro em cima, temos que ter alguma maneira de o cadeirante chegar lá.

DIÁRIO - Qual a solução para o estacionamento?
SÔNIA - Acho que a gente tinha que conseguir que essas empresas de ônibus que entram aqui, no retorno para casa, abrissem a catraca. Catraca livre na volta para casa. As empresas vão trazer mais alunos e, certamente, terão benefícios. Terão um grande prestígio. Nós precisamos de um transporte da estação de trem para cá. Isso é fundamental. O imposto de renda retido na fonte deve ficar na Fundação. Outra coisa: temos que ter um bandejão para os alunos. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;