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Governo Lula abandona Dirceu
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01/12/2005 | 00:30
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A ausência dos ministros do governo Lula foi classificada pelo comando de apoio ao deputado como sendo a principal diferença entre a votação que levou Aldo Rebelo à presidência da Câmara e a votação de ontem no plenário. Para fazer Aldo vitorioso, os ministros trabalharam duro e no dia da votação cinco deles estavam nos corredores do Congresso convencendo deputados indecisos. O coordenador político do Planalto, ministro Jaques Wagner, da Secretaria de Assuntos Institucionais, que teve papel decisivo na vitória de Aldo, sequer apareceu no Congresso. Limitou-se a telefonar para Dirceu por volta das 18h30 para desejar "boa sorte" ao ex-chefe da Casa Civil.

O maior empenho veio de onde Dirceu menos esperava. Foi vice-presidente José de Alencar o único a arregaçar as mangas para trabalhar com entusiasmo pela permanência de Dirceu como deputado. Ele deu telefonemas, falou com deputados durante a votação, se manteve em permanente atividade.

O apoio de Wagner e de boa parte dos ministros, ao contrário, foi protocolar. Ao receber telefonemas do núcleo da campanha contra a degola de Dirceu, eles prometiam empenho no sentido de convencer parlamentares, mas, na prática, fizeram apenas um trabalho burocrático. "Nós percebemos que eles não estavam trabalhando com a mesma vontade que eles trabalharam para o Aldo", confirmou um dos coordenadores de Dirceu.

A queixa é a de que o presidente Lula não se empenhou. Ele teria criado dificuldades, já que para o governo a retirada de Dirceu poderia representar a redução na temperatura da crise. Durante o calvário do deputado, Lula trabalhou para que ele renunciasse, embora sem êxito. Depois, articulou para que os outros deputados petistas pedissem renúncia e não conseguiu.

Além disso, o comando da campanha diz que sempre que precisou dos votos dos ministros de Lula no Supremo, Dirceu encontrou dificuldades. Ele acabou sendo socorrido pelo amigo Nelson Jobim, presidente do STF, que foi indicado no governo Fernando Henrique Cardoso, o que permitiu que ele ganhasse mais tempo para fazer um trabalho de corpo a corpo com os deputados.

Honra – O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, fez a sua parte e o mais enfático pronunciamento desde que assumiu o cargo, ao reagir a uma contestação do deputado Alceu Collares (PDT-RS) – para quem ele não poderia presidir a votação do pedido de cassação de por ter sido testemunha de defesa dele. Rebelo citou o Regimento Interno da Casa e argumentou que a figura da testemunha de defesa é inerente ao Estado de direito.

Ele disse ter aprendido com a mãe, ao longo da vida, "o sentido da honra" e assegurou que não usa a função pública para "proteger amigos", pois "a honradez e o espírito de justiça e rigor" sempre pautaram a vida dele. "Protegerei a honra de todos os parlamentares, a prerrogativa de todos, independentemente de partidos ou ideologias", afirmou. "Não admito, seja como deputado, cidadão ou presidente da Casa, que a honradez, o equilíbrio e o espírito de justiça e de rigor com que pautei minha vida seja posto em dúvida em uma hora dessas".

Rebelo rejeitou a questão de ordem levantada por Collares. Foi aplaudido pelos colegas e continuou a sessão. Nem mesmo os parlamentares do PFL e do PSDB, oposição ao governo, acataram a questão de ordem de Collares.




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