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Restaurantes se firmam como única rota de shows na região
Thiago Mariano / Do Diário do Grande ABC
31/10/2010 | 07:00
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Tirando o artista e a banda por trás dos instrumentos, elementos muito peculiares mitificam um show na cabeça do público. O silêncio que precede o início do espetáculo, a cortina abrindo e a luz que o acompanha, que em cada performance surge de forma diferente, são alguns dos elementos que colaboram para que um evento artístico se torne especial.

No Grande ABC, com um volume cada vez menor de casas de show em funcionamento, estes aspectos têm ficado de lado. Havendo apresentações, o que vale é ir. Só o fato de um artista de projeção nacional pisar aqui, já configura uma ocasião especial. É aí que entram os restaurantes da Rota do Frango com Polenta, que há anos consolidaram as características do jantar-show, mas que hoje representam a única oportunidade de ver apresentações musicais de grande porte na região.

Às sextas-feiras ou aos fins de semana, quando tem shows, o trânsito na Avenida Maria Servidei Demarchi para. No dia 22, eram duas opções. Fagner no Restaurante São Judas e Bee Gees Alive, no Florestal.

No do cearense Fagner, a plateia estava lotada. Eram mais de 1.700 pessoas, entre grupos de amigos e famílias completas, com crianças, pais, avós e agregados, que compunham a visão de um gigantesco time, reunido mesa a mesa, coisa que não se vê em outros shows.

"Se fosse em outro lugar, iria em um espaço para comer, em outro para ver o show e num terceiro para beber. Aqui, faço tudo no mesmo local e é muito mais barato", conta Valdete Paulino Monteiro, que veio de São Paulo para ver o espetáculo.

"Quem vai a um show, é para se emocionar. No restaurante você desvirtua um pouco isso. Não há muita magia, mas é o que tem", contrapõe Temístocles Cirillo, de São Bernardo, que conta que já viu na região Emílio Santiago, Tim Maia e Roberto Carlos.

"Fora essas, não tem outras opções de shows por aqui. Aposto que um monte de gente daqui pagaria, e caro, para ver artistas do nível de Simone, Roberto Carlos", diz Cirillo.

A FESTA
É democrático o tom das apresentações. Das mesas, nem todo mundo consegue ver o artista, mas quem não tem visão para o palco tem, em contrapartida, outros benefícios. Pode levantar-se para ir ao banheiro, ficar de pé no fundo, de frente para o palco, cantando e dançando, ir ao fumódromo ou sair para arrumar uma bebida.

Os flashes das câmeras digitais estouram o tempo todo, gritos de fãs ensandecidas têm a cada fim de música. Especificamente no show do Fagner, na hora de Borbulhas de Amor, alguém do meio da plateia soltou bolhas de sabão que invadiram o espaço todo.

Ao fim da apresentação, as mesas próximas ao palco são recuadas para que todo mundo possa chegar mais perto do ídolo.

"Onde era impossível armar mesa, armaram", revelou Nara Aparecida da Silva, de Diadema, que ficou o show inteiro de pé, longe de seu lugar, que ficava no fundo do salão, com vista apenas para o telão. "Viria só para vê-lo (o Fagner) porque sou apaixonada por ele, mas já que comida e bebida estão inclusos, melhor aproveitar", finaliza.

DIVERSIFICAÇÃO
"O público da Rota do Frango com Polenta é mais sertanejo, mas já vejo uma diversificação nas apresentações", fala Edmilson Lopes Correia, o Franja, gerente de marketing do Restaurante Florestal.

"A gente faz pesquisa com o público, traz o que sabe que vai lotar", completa Franja, dizendo que o restaurante trará ainda neste ano para a região os sertanejos Sérgio Reis e Eduardo Costa.

"Não dá para arriscar. Duzentas pessoas a mais ou a menos na casa, cobrando a média de R$ 150 por pessoa (com bebida e comida à vontade), pode representar lucro ou prejuízo", conta Laerte Demarchi Junior, gerente de marketing do Restaurante São Judas.

Pela casa já passaram artistas como Jô Soares, Milton Nascimento e Elba Ramalho. "Em média, fazemos sete ou oito grandes shows por ano. A meta, para o ano que vem, é passar para dez ou 11, incluindo gente nova nesse circuito, como, por exemplo Ana Carolina e Gilberto Gil", revela Junior, que conta que existem as pratas da casa, que vêm todo ano, como Daniel, Leonardo, Fábio Jr. e Bruno e Marrone. "O Fagner, mesmo, e até o Almir Sater, que trouxemos recentemente, entram na proposta de diversificar sem risco."

 




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