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Sinfônica de Santo André encara a 6ª de Mahler
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
24/11/2007 | 07:06
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A Orquestra Sinfônica de Santo André encara, neste fim de semana, o desafio de executar aquela que é tida, por boa parte dos especialistas, como a mais difícil sinfonia de Gustav Mahler (1880-1911): a de nº 6. O público tem duas oportunidades para conferi-la: neste sábado e neste domingo, às 20h, no Teatro Municipal de Santo André (tel.: 4433- 0789), com entrada franca.

Esta sinfonia tem uma peculiaridade: termina retomando a tonalidade inicial – lá menor, trágica por excelência. E, com seus quatro movimentos, termina “mal”, com um quê de derrota.

Mahler começou a compô-la em 1903 e a concluiu no ano seguinte. Sua mulher, Alma Mahler, declarou que, a despeito do caráter trágico da obra, seu marido vivera tempos felizes quando a escreveu. “No último movimento, ele descreve a si mesmo, quer dizer, sua decadência ou (como ele diria mais tarde), de seu herói”, disse Alma.

Apesar disso, não se pode simplesmente rotular a Sexta como um canto de desespero. É, acima de tudo, uma das mais geniais de suas composições, e exige muito tanto do maestro quanto da orquestra e do público.

Este será o sexto “encontro” da orquestra andreense com Mahler: sob regência o titular Flavio Florence, já foram executadas as de número 1, 3, 4, 5 e 7. Há tempos, o maestro planeja a 2, 8, 9 e a inacabada nº 10. Agora, Florence volta ao pódio.

Mahler era um perfeccionista. Suas enormes exigências o levaram até a ser apontado como excêntrico. Na vida pessoal, isso quase custou seu casamento. Nem Freud conseguiu resolver os problemas do casal.

A verdade é que ele teve uma vida cheia de problema, apesar do grande prestígio profissional. Seu pai era alcoólatra. Teve 14 irmãos e viu alguns morrerem.

Em 1907, viveu três tragédias: por ser judeu, perdeu o emprego por causa de um ataque anti-semita, sua filha mais velha morreu aos 4 anos e ele descobriu ser portador de uma doença cardíaca incurável.

Um histórico que deve ter contribuído para a profundidade de suas obras. Não deve ter sido à toa a declaração que Mahler fez ao músico Jean Sibelius: “A sinfonia é o mundo, a sinfonia deve abranger tudo!”.




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